15 de agosto de 2013

CAIXÃO DE PEIXE


 

CAIXÃO DE PEIXE

 

 

Laerte Braga

 

 

O secretário de Estado do governo dos EUA, John Kerry (perdeu as eleições para Bush em 2004) veio ao Brasil complementar as “desculpas” pela espionagem. John Kerry faz parte da elite de Harvard e foi logo conversar, isso é norma diplomática, com o funcionário norte-americano Anthony Patriot para apresentar o plano de monitoramento do mundo pelos EUA, em combate contra o “terrorismo”.

Jânio Quadros era doido, bêbado, mas não era burro. Matt Dillon, secretário do Tesouro dos EUA veio ao Brasil conversar com o presidente e apresentou uma série de exigências. Lá pelas tantas, Jânio levantou, saiu e deixou o secretário falando sozinho.

Patriot respondeu a Kerry que é preciso cuidado com a proposta, pois pode gerar “desconfiança”. É um sim disfarçado.

A proposta de John Kerry é a complementação do “pedido de desculpas” a Dilma, pelo caso da espionagem. Obama apenas explicou em carta que “estava protegendo o Brasil”. Só pode, para Kerry vir apresentar uma proposta dessas logo em seguida.

Em Acra, capital de Gana, uma funerária faz caixão de várias formas e uma delas tem a forma de um peixe. O peixe Brasil sendo pescado para um funeral no Plano Grande Colômbia.

O Brasil, segunda ordem é um país independente e soberano, pelo menos em tese. Os brasileiros têm o direito de saber os propósitos do governo sobre esse assunto e até de decidir.

Dos milhares de satélites lançados pelos EUA, vários deles varam a crosta terrestre, chegam ao centro da Terra com equipamentos especiais e fotografam tudo, descobrindo cada pepita de ouro que existe em cada canto do País, de todos os países do mundo. Ou nióbio, mineral estratégico para armas nucleares.

Ou água, cuja escassez é prevista para os próximos anos e bem do qual somos os maiores detentores no mundo.

Quando candidato a presidente em 2002 Lula disse que em três momentos da História, ruins ou bons, tivemos um projeto Brasil, ou seja, planos políticos e econômicos de curto, médio e longo prazos para impulsionar o desenvolvimento e nos transformar numa potência mundial. Getúlio Vargas, JK e a ditadura militar. Cobrado por citar a ditadura foi claro na resposta,” eles tinham um plano e executaram, não é o modelo que queremos. Agora trazemos um projeto politico, econômico e social para mudar o País com participação popular e democracia”

Assinou um acordo de livre comércio com Israel, reatou o acordo militar Brasil-Estados Unidos, rompido no governo Geisel, enviou tropas para gerir o trânsito no Haiti, aprovou a lei dos transgênicos e caiu no conto do Obama “esse é o cara”, tudo isso entre outras concessões. Sinalizou para a esquerda? Sim, a política era de equilíbrio e se mostrou um notável equilibrista.

Mas e as consequências? Os escritórios da CIA e da NSA – agências norte-americanas que chegaram com FHC – permaneceram abertos.

O governo Dilma Roussef sempre soube da espionagem e o fato apenas vazou. A reação brasileira foi passiva, foi de aceitação e os brasileiros neste momento geram empregos na China, pois a indústria de base foi privatizada, o segundo e o terceiro setor da economia gerem o Estado ao sabor das conveniências da globalização, que é o que John Kerry veio fechar, mais um ciclo, com Patriot. Uma espécie de escritura sobre nossa soberania e integridade territorial a ser passada se aceito o projeto de monitoramento.

E a espionagem continua.

Somos um País que abriu não de um caminho próprio, de tecnologias essenciais e isso explica o pouco investimento em educação.

Os caminhos adotados desde FHC nos levam a total dependência (o ex-presidente é autor de um livro sobre interdependência), chegamos com as mãos vazias e vamos comprar Boeings norte-americanos que os japoneses votaram numa cidade – referendo – que os querem longe da base militar ali localizada.

Um governo não é feito de medidas pontuais, ou de curto prazo. Ou existe a percepção do futuro ou esse futuro será de desagregação (há um estudo da ONU da década de 70 sobre isso) e esse parece ser o legado que os governos desde FHC vão nos deixar.

Podemos escolher o modelo peixe de caixão para nossa independência. O que John Kerry veio fazer é avançar mais um passo na aventada hipótese de um governo mundial, no caso os EUA.

Por pior que seja e bota pior nisso, Dilma é menos ruim que qualquer tucano, mas é um fiasco. Vê a vista quando acorda como se estivesse num apartamento do propinoduto de fiscais do Espírito Santo em tempos passados e laranjas murchas, na Vieira Souto, ou num cartel da SIEMENS, que agora nega.

Vamos para o velório.

 

 

 

 

 

 

 

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