28 de março de 2013

vídeo exclusivo do enterro de Edson Luís


Leandro Melito - Portal EBC


Edson Luís Lima Souto foi assassinado por um soldado da PM, com um tiro no peito, em 28 de março de 1968. Ele jantava no restaurante estudantil Calabouço, enquanto era organizada uma passeata em protesto contra as péssimas condições de higiene do lugar. O corpo foi velado na Assembléia Legislativa, na Cinelândia. (Acervo da Biblioteca Nacional)
O cineasta Eduardo Escorel filmou o enterro do estudante Edson Luís no dia 29 de março de 1968. Com o aumento da repressão, ele entregou o rolo com as imagens para a Cinemateca do Museu de Arte Moderna, de onde o material se extraviou e ficou perdido por cerca de 40 anos.




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Reencontrado e restaurado em 2008, o material com 12 minutos de filmagem em estado bruto, em preto e branco e sem áudio, está na Cinemateca Brasileira e pode se tornar um documentário sobre o período. "Pensei em fazer um filme sobre esse dia, seria o dia anterior e o dia do enterro, tentar levantar o que estava acontecendo nesses dois dias em março de 68. É um projeto que está anotado", afirma Escorel.

Assista uma seleção exclusiva das imagens feitas por Eduardo Escorel


Na época da morte de Edson Luís, Escorel era estudante de sociologia e política e cineasta principiante. Trabalhava junto com o cineasta Joaquim Pedro de Andrade, que na época fazia o roteiro do filme Macunaíma. Foi Joaquim quem lhe deu a notícia e foram juntos ao velório de Edson.
Após o velório, influenciado por Joaquim, Escorel resolveu registrar o enterro do estudante. Para a filmagem utilizou uma câmera Eclair 16 mm.
Uma multidão se concentrou na Cinelândia para esperar a saída do corpo.“Com minha inexperiência cheguei tarde na Cinelândia e tive dificuldade de me aproximar, filmei de longe”, lembra Escorel.
“Em determinado momento, não me lembro como, atravessei a multidão aos pés da escadaria do Prédio Gaiola de Ouro, onde estavam reunidas algumas lideranças estudantis como Vladimir Palmeira, Marcos Medeiros e o Elinor Brito”.
Os rolos de filme que Escorel dispunha permitiam apenas 20 minutos de filmagem.”Fiquei com a preocupação de controlar o filme para que não acabasse antes do cortejo”.
Durante mais de duas horas o cortejo percorreu os 6 quilômetros que separavam o centro da cidade e o cemitério no bairro de Botafogo.
Alguns trechos do cortejo Escorel filmou a pé e outros pegando caronas em caminhonetes que apareciam com repórteres. “A partir de certo momento eu me adiantei e fui até o cemitério São João Batista para esperar a chegada do caixão, lembra.
Durante o trajeto, as ruas estavam sem iluminação. Quando chegou ao cemitério já prestes a anoitecer, já não havia luz suficiente para filmar. “Fiquei dentro do cemitério esperando. Mas quando o caixão chegou tinha mais alguém filmando, provavelmente da TV Tupi, então fiz a cena do caixão sendo colocado em uma dessas covas, do lado esquerdo”.
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