7 de julho de 2012

Sopaço reúne mais de 300 em caminhada pelo Centro



Manifestantes organizados contra ação higienista da Prefeitura de São Paulo protestaram com cartazes e gritos de ordem que pediam respeito aos direitos humanos e lembravam que "caridade não é crime".

Em coro – puxado pelo padre Julio Lancelotti – cerca de 300 manifestantes participaram do “Sopaço na casa do Kassab” na noite dessa sexta-feira (6). O ato que contesta a decisão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) de proibir a distribuição de sopas às pessoas em situação de rua sob o pretesto de “incentivá-las a procurar equipamentos de acolhimento” teve concentração na Praça Patriarca, ao lado do Paço Municipal, ganhou corpo nas ruas do Centro e terminou na Praça da Sé.

                                            foto retirada do twitter de @SilMarq
“É uma discriminação, um ódio, um desespero. Eles [gestores municipais] não conseguem controlar a situação que é visível na cidade, que é a quantidade de moradores de rua, e querem que eles desaspareçam. Querem acabar com a pobreza sumindo com os pobres”, declarou Lancelotti. O padre acredita que a postura do Executivo é uma amostra do que está por vir. “A gente tem que localizar, dentro da Prefeitura, de onde veio essa medida. Ela nasceu dentro da Secretaria de Segurança Urbana, que é o prenuncio do que virá: uma política intolerante e higienista, de não segurança alimentar e de expulsão dos pobres”, avalia.

Para o padre, a mobilização social em prol da causa é fundamental para “mostrar que não essa posição higienista não é hegemônica e que há outras posturas, outras posições e outras propostas” para essas populações.

São Paulo tem hoje, segundo dados da própria Prefeitura, mais de 20 mil pessoas em situação de rua. No Estado, segundo o coordenador do Movimento Nacional de População de Rua, Anderson Lopes Miranda, pode chegar a meio milhão.

Miranda chama a atenção para o fato de, financeiramente, os “sopões” não dependerem da gestão Pública. Ele lembra que são organizações, pessoas que tem um olhar diferenciado para essa população e comunidades religiosas que se prendem a essa prática. “Há oito anos, nós tinhamos alimento noturno,proposto pela prefeita Marta [ Suplicy], nós tinhamos restaurantes populares, agora a gente não tem mais. Nós não temos segurança alimentar, temos uma ação higienista nessa gestão, que acha que se não der comida, a população vai procurar o equipamento social, e o povo não vai porque o equipamento social hoje tá precário”.

Miranda afirma albergues não se caracterizam mais como solução a essas populações. “A população não quer mais ir hoje, da forma que está, militalizada, retrógrada, tratando com violência, botando a Guarda Municipal pra agredir essa população”, finaliza.

Fala reiterada pelo integrante do Movimento Nacional e ex-morador de rua,Renato Sena."Como podem barrar pessoas solidárias, que estão fazendo atos humanitários. Elas fazem exatamente o contrário do que faz o Kassab, que coloca GCM na rua pra acordar a gente na base do chute.

A manifestação terminou com uma concentração de pessoas em frente à Catedral da Sé, com o ato simbólico de distribuição da sopa.

Aline Nascimento - Portal Linha Direta

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