3 de julho de 2012

Para Haddad, boicote da prefeitura de SP a apoio federal agrava déficit de creches


O pré-candidato também condenou a ação policial ocorrida na Cracolândia no final de janeiro (Foto: Caetano Ribas/Sindicato dos Bancários de São Paulo)
São Paulo – O ex-ministro da Educação e pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, criticou ontem (6) a prefeitura de São Paulo por não ter aceitado ajuda federal para solucionar o problema do déficit de creches. “O MEC nunca havia construído uma única creche, e hoje existe um programa no ministério”, afirmou, responsabilizando a gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) pelo fato de 164 mil crianças em idade pré-escolar não contarem com vagas em creches: “Isso não foi visto pela atual administração com o devido caráter de urgência”.
As afirmações foram feitas durante o programa de TV para internet "Momento Bancário", produzido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, com mediação da presidenta da entidade, Juvandia Moreira. Haddad assinalou também a ausência de políticas públicas de moradia, agravada ainda pela falta de ações voltadas para a população em situação de rua. 
“A política no município foi fechar albergues no centro de São Paulo e abrir nas regiões mais distantes, imaginando que as pessoas sairiam do centro. O morador de rua está em busca de uma atividade econômica. E aqui no centro está concentrada essa atividade. Ao espalhar os albergues pelos bairros periféricos, essa alternativa é retirada dele. A solução é investir em moradia, o que atualmente não se faz em São Paulo”, observou. 
O pré-candidato aproveitou para condenar a ação policial ocorrida na Cracolândia no final de janeiro: “Quando é crime, tráfico, é preciso de um aparato policial. Mas no caso, ele deveria vir acompanhado de um aparato de assistência social e de saúde para amparar aqueles enfermos”.
Em relação ao tema da mobilidade urbana, o ex-ministro indicou que seu programa de governo, em fase de elaboração, deve prever não apenas ações voltadas para os transportes como o desenvolvimento econômico deve visar a uma descentralização mais acentuada. Usou como comparação o crescimento desencadeado no Nordeste nos últimos anos, maior que a média nacional, como forma de descentralizar a criação de oportunidades. “Quando você leva desenvolvimento para o Nordeste, como fábricas e universidades, você inverte o fluxo migratório”, disse. “Sem a descentralização, a quantidade de quilômetros que teremos de percorrer no dia é muito maior, deixando a cidade desequilibrada. Temos de tentar aproximar as subprefeituras do que é uma cidade”, completou.
Na outra ponta das dificuldades de deslocamento enfrentadas pelos paulistanos, Haddad criticou o baixo investimento em transportes coletivos de massa. Observou que o estado de São Paulo vem ostentando uma expansão média anual de dois quilômetros de linhas de metrô: "Nesse ritmo, demoraremos 65 anos para termos o metrô do tamanho da malha da Cidade do México", comparou, sugerindo ainda a retomada dos investimentos em transporte multimodal – combinação entre os diversos meios de locomoção como corredores de ônibus, trens, metrô e ciclovias. “A atual gestão abandonou os investimentos em corredores de ônibus.”
Haddad afirmou que 90% do seu tempo está sendo tomado por conversas sobre alianças partidárias e na elaboração de um plano de governo. Segundo ele, os deputados federais Ricardo Berzoini, José de Fillipi Jr. e Vicente Candido, além do deputado estadual Enio Tatto, são cotados para assumir a coordenação de campanha.





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