3 de julho de 2012

Estudo contraria tese de compra de votos na Câmara


A tese de que o governo fez repasses a parlamentares para garantir votações favoráveis na Câmara em 2003 e 2004 não encontra nenhum respaldo estatístico. O argumento usado para sustentar a existência do chamado mensalão é derrubado pelos números.
O cruzamento entre os repasses feitos pelo publicitário Marcos Valério e as votações na Câmara mostra que não existe relação entre as duas coisas. Ou seja, reforça a tese de que o dinheiro tinha relação com o caixa dois dos partidos, sem nenhuma ligação com o governo.
Levando em conta as ocasiões em que o governo deu orientação sobre como os partidos deveriam votar, foram 238 votações entre 2003 e 2004.
De acordo com a tese sobre a existência do mensalão, o governo deveria ter mais votos nos meses em que os repasses foram feitos. Mas isso não ocorreu.
A tabela abaixo mostra o comportamento do PP, do PL, do PMDB e do PTB em 2003 e 2004 durante as votações nos meses em que os partidos teriam recebido os repasses:
Percebe-se que, por serem da base governista, os partidos têm alto índice de apoio ao governo nas votações. Ao analisar os meses em que houve repasses, não é possível encontrar um aumento desse apoio.
Pelo contrário: no mês do maior repasse – agosto de 2004, com R$ 4,268 milhões – , o índice fica abaixo da média geral, de 86,7%. Em meses sem nenhum repasse, há expressiva votação favorável ao governo, como em julho de 2003 ou junho de 2004.
Além disso, embora em quase todo o período analisado haja repasses aos quatro partidos, a tendência geral de apoio ao governo tem queda, como mostra este gráfico:
O gráfico também revela que há um forte crescimento do apoio ao governo entre abril e junho de 2003, quando os repasses são bem menores que os dos outros meses.
É possível verificar que, se houvesse alguma influência dos repasses nas votações, ela seria negativa. Ou seja, quanto maior o repasse, menor o apoio ao governo.
O gráfico abaixo ilustra esse movimento. A reta vermelha pontilhada mostra a tendência de apoio ao governo, que cai conforme os repasses aumentam:
Todos os gráficos foram feitos com números oficiais das votações na Câmara.

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