21 de abril de 2012

PC,Mensalão,Cachoeira


Quantas CPIs. virão até que se mude o modelo de financiamento de campanha?

21 de Abril de 2012 às 08:51

Leonardo Attuch no site hackeado

1992: Paulo Cesar Farias é o bandido e os deputados do PT são os justiceiros. Na CPI do esquema PC, o ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor à presidência, em 1989, diz uma verdade cristalina diante dos parlamentares: o de que todos ali eram hipócritas e financiavam suas campanhas com caixa dois.
2005: com papeis invertidos, os petistas sentam no banco dos réus. Delúbio Soares, tesoureiro da campanha de Lula à presidência, tenta explicar que o mensalão não passava de um esquema de caixa dois na política, com os tais “recursos não contabilizados”. De fora, o governador goiano Marconi Perillo avisa que Lula sabia do mensalão. E Roberto Jefferson, num discurso histórico, condena a hipocrisia do PT, que fez da ética uma escada para chegar ao poder e depois a empurrou.
2012: vem aí a CPI do esquema Cachoeira-Delta. Tanto o contraventor Carlos Cachoeira quanto o empreiteiro Fernando Cavendish terão a oportunidade de apontar o dedo para todos aqueles que ajudaram nos últimos anos, irrigando suas campanhas políticas com dinheiro não declarado. Entre eles, Marconi Perillo. Provavelmente, não o farão diante do risco de que saiam presos e algemados da CPI.
O fato, porém, é que, em todos os megaescândalos nacionais, a raiz é sempre a mesma: financiamento irregular de campanhas eleitorais. E o Brasil, em vez de buscar soluções, sempre prefere o caminho da hipocrisia. Discute-se a faxina ética, bodes expiatórios são atirados à fogueira e a vida segue seu curso normal até que venha a próxima CPI.
Hoje, o Brasil tem uma chance rara de acompanhar dois escândalos paralelos: o do mensalão, que será julgado, e o de Cachoeira, que será dissecado na CPI. Por que não aproveitar a oportunidade para rever de vez o modelo de financiamento de campanhas no Brasil? Financiamento público? Reforma política? Voto distrital? Voto em lista?
Em algum momento, a discussão terá que ser feita. Caso contrário, daqui a alguns anos, estaremos assistindo à CPI do próximo Cachoeira.

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