21 de abril de 2012

Cachoeira intermediou a venda da casa de Marconi


reproduzido do site que está hackeado
A Operação Monte Carlo já se aproxima perigosamente do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. Reportagem deste sábado do jornal O Popular, o mais influente do estado, confirma denúncia feita pelo 247 no dia 31 de março: a venda da casa do governador Marconi Perillo em Alphaville, condomínio de luxo em Goiânia, passou por Carlos Cachoeira. As evidências surgem de grampos da PF em que o próprio Cachoeira fala sobre a venda do imóvel.
Leia, abaixo, a reportagem de hoje do Popular:
Pedro Palazzo - Gravações do inquérito da Operação Monte Carlo revelam que o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e Wladmir Garcêz, ex-vereador e também preso pela Polícia Federal (PF), conversaram pelo menos em duas ocasiões sobre a venda de uma casa. Transcrições da Operação Monte Carlo, às quais O POPULAR teve acesso, revelam três ligações na manhã do dia 12 de julho 2011 de Garcêz falando a Cachoeira sobre encontro que teria naquela manhã com o presidente da Agência Goiana de Obras (Agetop), Jayme Rincon, para conversarem sobre a venda de uma casa.
De acordo com as interceptações, o encontro seria no Alpha Mall, um centro de compras próximo aos Condomínios Alphaville. Rincon nega a reunião e diz nunca ter conversado sobre compra ou venda de casa. Em 9 de abril, Cachoeira fala a Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções no Centro-Oeste, sobre a venda de uma casa que seria do governador Marconi Perillo (PSDB), segundo gravações reveladas ontem pela Revista Época (veja quadro). O governador rechaçou o conteúdo das conversas de Cachoeira e seus auxiliares (leia reportagem nesta página).
Conforme O POPULAR revelou em 3 de março, Cachoeira foi preso dia 29 de fevereiro na residência onde ele morava no Alphaville Ipês, em Goiânia, a mesma casa que tinha sido do governador. Marconi confirmou que se mudou desta casa em janeiro de 2011. O imóvel foi transferido em 13 de julho do ano passado para empresa ligada ao dono da Faculdade Padrão, Walter Paulo Santiago.
A venda de um imóvel no condomínio de luxo foi tema de conversas em outras ocasiões. Em 9 de abril, um amigo dos empresários Rossine Guimarães e Cláudio Abreu ligou para Cachoeira. Estava interessado em comprar uma casa que ele teria para vender, no Alphaville. Cachoeira atendeu a primeira ligação e desconversou quando perguntado se ainda estava vendendo: “É... eu tô mas eu num vou.., é... eu num vou, daqui a pouquinho eu te chamo aí, só to terminando uma reunião aqui e te chamo aí (sic).”
Depois, o empresário ligou para Cláudio e cobrou explicações. Diálogo revelado pela revista Época mostra que Cachoeira não queria que soubessem que ele estava vendendo uma casa. “Você (ininteligível) de falar para os outros que eu tenho casa para vender no Alphaville... do Marconi, rapaz?” Cláudio reage e diz que brigou com Rossine por ter falado. Cachoeira continua a reclamar: “Pode de jeito nenhum falar que eu que tenho casa para vender (sic).” Pouco mais de uma hora depois, Cachoeira retorna a ligação do amigo de Rossine e Cláudio e diz que quem está vendendo a casa não é ele. “A casa quem tá vendendo era uma outra pessoa, é... o Rossine pensou que era minha, eu vou ver com a pessoa e te falo tá bom (sic).”
Três meses depois, em 12 de julho de 2011, Cachoeira e Garcêz começaram a falar sobre a venda de uma casa às 7h36. Wladmir diz que vai se encontrar com Jayme Rincon no Alpha Mall. Menos de uma hora depois, conversam de novo sobre o assunto. Às 8h53, em outro contato, Garcêz afirma que já conversou com Jayme. Em entrevista ao POPULAR, o presidente da Agetop afirma que nunca se encontrou com Wladmir Garcêz neste centro de compra. “Nunca encontrei com o senhor Wladmir no Alpha Mall. O recebi várias vezes na Agetop, como representante da Delta, com agenda marcada. Já o encontrei na rua em algumas circunstâncias. Era um cara que circulava socialmente.” Jayme diz também nunca ter tratado sobre compra e venda de casa, nem do governador nem de outra pessoa. “Nunca participei de compra e venda de casa do governador. Eu não sou corretor. O governador já explicou de que forma ele vendeu essa casa e não há nenhuma relação minha com venda de qualquer casa que seja.”
Horas depois das conversas com Garcêz, Cachoeira ligou para Rogério Diniz. Orientou o funcionário a deixar as contas com o professor Walter Paulo, da Faculdade Padrão. Disse, de acordo com as transcrições feitas pela PF, “que foi quem comprou a casa.” No dia seguinte foi lavrada a escritura do imóvel.
Escritura
Walter Paulo, o novo proprietário da casa localizada no Alphaville Ipês, disse que Garcêz serviu de corretor na negociação da residência. “Foi feito o negócio direitinho, peguei a escritura. Eu sabia que a casa era do governador, mas nunca falei com ele sobre isso. O senhor Wladmir é que fez os contatos. O governador assinou honestamente e a casa é minha”, disse ao POPULAR em 4 de março.
A reportagem tentou por uma semana contato com o empresário e com seu advogado, Nilson Pedro da Silva. Deixou recado mas não recebeu retorno. A escritura da casa comprada por Walter Paulo foi registrada um dia depois das conversas de Cachoeira sobre a venda. Na entrevista concedida ao POPULAR, no início do mês passado, Walter Paulo disse que Garcêz pediu prazo até dia 15 de fevereiro para entregar a casa, porque uma “senhora” estava reformando sua residência e moraria lá.
Na casa em que Cachoeira foi preso, estava também sua companheira, Andressa Alves Mendonça. Agora ela mora em uma casa na Rua Lupus, no Alphaville Cruzeiro do Sul. Andressa foi gravada em conversas sobre uma casa com Cachoeira em 5 de maio, quando o casal conversa sobre um imóvel.
Cachoeira explica que mandou tirar do nome dele e transferir para uma empresa registrada no nome de André Teixeira Jorge, oDeca. Andressa fica insatisfeita: “Mas e quando você for escriturar? Porque eu quero que você passa ela pro meu nome. E como que você vai fazer?” Não fica claro sobre qual casa eles falam. Relatórios da PF mostram que Cachoeira tem pelo menos cinco imóveis, além de muitos bens no nome de laranjas. O POPULAR tentou contato com advogados de Cachoeira, mas não obteve retorno.

Seja o primeiro a comentar!