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A SEGUNDA MORTE DO PINHEIRINHO
Essa ainda dá para ser evitada!
Quarta feira de cinzas, 22 de fevereiro de 2012, um mês do
massacre/tragédia humana do Pinheirinho, em São José dos Campos, São
Paulo, Brasil.
Quinta feira, 23 de fevereiro, tanto a Prefeitura de São José dos
Campos como o Governo do Estado de São Paulo não se fizeram
representar, na audiência pública realizada pelo Senado Federal, para
discutir a violação dos direitos humanos no Pinheirinho; para ambos os
poderes o assunto já está liquidado, seus principal objetivo -
derrubar as casas, dando uma lição "naquela gente" - foi alcançado e o
"custo político e eleitoral", pelos seus critérios, foi baixíssimo,
como ficou constatado pela pesquisa sutilmente (sutil como a
presença/ação de um elefante em uma cristaleira) realizada nos dias
que se seguiram ao massacre. O resto, foi lucro: econômico,
especulativo, político (com o fortalecimento da unidade entre os
membros da direita local) e cultural, pela "lição" dada aos que ousam
violar o sacrossanto direito à propriedade, mesmo que a lei defina que
há outros direitos superiores ao mesmo.
Durante a audiência realizada no Senado, o senador tucano
escalado para "peitar" os "teimosos" tratou de criar um clima
futebolístico na disputa, cabendo á imprensa carimbar o debate como
apenas "o início (espécie de primeiro round) da campanha eleitoral de
2012", como comentou o veteraníssimo jornalista Carlos Chagas, no
Jornal do SBT, na noite da mesma quinta. Já o jornal local, Ovale,
beque central do status quo direitista na cidade e região composto por
gente qualificada, formada nas escolas da Folha de SP, da Opus Dei, na
Espanha e até na escola da esquerda brasileira (a TV Vanguarda é o
goleiro do time), correu para noticiar que o Senado debateu o
"suposto" desrespeito aos direitos humanos havido no Pinheirinho.
"Suposto" é a palavra que o Ovale sempre usa para proteger os
políticos tucanos, mesmo quando os mesmos já foram condenados pela
Justiça, como tem sido o caso de Emanuel Fernandes, ex-prefeito -
omisso em todo o episódio do Pinheirinho, sem que a imprensa o tenha
cobrado sequer uma única vez - criador e principal responsável pela
manutenção da administração do "fujão" Eduardo Cury na cidade.
E agora José? O que fazer?
Penso, como cidadão que nunca esteve na linha de frente do
movimento por moradia realizado no Pinheirinho, mas que tentou se
somar aos que "compraram a briga" na hora de tentar proteger a
população massacrada, além de denunciar os absurdos lá ocorridos,
antes,durante e depois do dia 22 de janeiro, que a nossa missão ainda
não terminou; antes pelo contrário, mais importante do que a
solidariedade indignada, demonstrada por boa parcela da população, de
São José e de fora da cidade - talvez mais de fora do que daqui - que
se mobilizou de várias maneiras, todas muito importantes, inclusive no
plano simbólico, para defender o Pinheirinho, nos dias que se
sucederam àquela criminosa tragédia, deve ser o nosso engajamento no
processo de denúncia dos atuais e futuros desdobramentos.
Muito discutimos, muitas vezes de forma apaixonada, em alguns
fóruns, a respeito do papel dos apoiadores do Pinheirinho, na semana
que se sucedeu ao massacre; com vários de nós defendendo a "não
politização" (muitas vezes confundidas com partidarização) das ações,
que deveriam permanecer apenas no plano assistencial, até para não
"assustar" a parcela da "classe média" humanista que também estava
solidária.
Hoje, podemos perceber que os "inimigos" continuam aí, na ativa
(o Ovale vem mantendo, até hoje, a "consulta" a respeito da doação do
terreno do Sindicato dos Metalúrgicos para os sem teto - por que
será?) enquanto a mobilização apenas "indignada" e assistencialista
vem se reduzindo cada vez mais.
O sofrimento "específico/particular" da maioria das heróicas
famílias do Pinheirinho, muitas delas orgulhosas por terem lutado e
aprendido que, nesse tipo de sociedade na qual vivemos, "a luta faz a
lei", esse sofrimento deverá continuar por um bom tempo, juntamente
com a luta - individual e coletiva - por moradia, que é apenas uma
parte do seu sofrimento. Maior do que ele, no entanto, é a luta, para
a qual ninguém precisa ser sem teto, desempregado, pobre, estudante,
etc, etc, para abraçar, basta ter uma boa formação democrática e
humanista, menos individualista e mais solidária, fazendo da
indignação, não um estado, como o calor e o frio, ou a fome, que dá e
passa, mas uma atitude que deve ser renovada diariamente, contra todo
tipo de injustiça, de covardia e de iniquidade.
O Pinheirinho de São José dos Campos não deve morrer pela segunda vez!
moacyr pinto
Sociólogo e educador aposentado. Escritor! ( morador de São José dos Campos.)
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