7 de outubro de 2011

Sobre Steve Jobs


Steve Jobs morreu com 56 anos e a imprensa do mundo inteiro só fala dele. Ressaltam sua criatividade, sua visão de futuro e a mudança que provocou na sociedade ao lado de outros gênios da informática. 

Eu fico olhando as reportagens e reflito sobre as vantagens e desvantagens da informática. Sim, porque há desvantagens. Eu também penso em mim, que sou do tempo da máquina de escrever, da câmera "de filme", do telefone de discar. Hoje tenho computador com internet, cãmera digital moderna e telefone celular. Mas ainda guardo, talvez por nostalgia, minha Remington Lettera e a Canon de 200 mm. O telefone não tenho mais, porque o custo o tornou impraticável, só por isso. 


Não nego as vantagens da chamada "era da informática", promovida por pessoas como Jobs. Hoje posso editar um jornal sem sair de casa. Basta clicar o Google que qualquer dúvida é desfeita e há todo tipo de dicionários atualizados. Mas antes jornais também eram editados com excelente qualidade gráfica e os fotógrafos faziam trabalhos fantásticos. Ao jornalista era necessário algo que ainda hoje é fundamental: cultura. E a cultura estava nos livros, não no Google. Não vou falar da questão ética, algo essencial no exercício da profissão de jornalista e que nenhum "gênio" da informática vai passar para quem usa o computador. 

Nos últimos meses temos lido noticias da "Primavera Árabe", que, segundo analistas, foi deflagrada pelas "redes sociais". Pode até ser que alguns habitantes destes países tenham se organizado nessas redes, mas é improvável que a rebeldia tenha se iniciado e tomado corpo somente nessas redes. Porque na maioria dos países árabes a população é pobre e os países são tão fechados politicamente que é improvável que grande parte da população tenha computadores na suas casas. Há ainda a religião islâmica que deve inibir o uso deles. Além do mais, houve em muitos outros momentos da história, grandes revoluções com grande manifestação popular e não havia internet.   

Claro que houve uma promoção de qualidade no comércio, na indústria, nas administrações públicas que - embora haja ainda resistência de alguns mandatários - se tornaram mais transparentes. Houve uma inquestionável praticidade nas comunicações entre pessoas de várias partes do mundo. E, sem dúvida, pessoas como Steve Jobs ajudaram de maneira substantiva no avanço das Ciências, nas vastas áreas da Medicina, por exemplo - o que é benéfico, e não é pouco. No entanto, contribuíram, mesmo que indiretamente, para o perverso desenvolvimento tecnológico na parte militar. Mas o que há além disso é uma pressão do capitalismo, que pessoas como Steve Jobs souberam explorar muito bem para adquirir fortunas, tanto que hoje há uma bolsa de valores específica para isso. 


Steve Jobs foi um homem genial, mas não foi um gênio. Ele só acelerou o desenvolvimento de softwares e hardwares que já estavam sendo planejados décadas antes dele. O que eu lamento é saber que um homem ainda jovem, com tanto potencial para contribuir para a humanidade, por ironia, morrer de uma doença que existe há séculos e não aparece nenhum gênio de verdade na medicina para acabar com ela. 

3 comentários

Anônimo

Concordo, acho que idolatraram e ainda estão idolatrando mto o Steve Jobs.A carência de verdadeiros gênios e referencias do mundo atual abre espaço para isso.. parece que todos estão perdidos a procura de alguém para seguir.
absçs.

O Regional

escolhi esta foto de propósito, porque nela Jobs está na mesma pose da gravura do "tio sam".

O Regional

e onde escrevi remington lettera, leiam remington sperry. perdão.