21 de fevereiro de 2011

A DESCOBERTA DA PÓLVORA

A DESCOBERTA DA PÓLVORA

Laerte Braga

O que querem os jovens árabes? Ocidentalizar seus países, jogar por terra uma cultura de milênios e instalar em cada esquina uma loja da cadeia MaDonalds substituindo seus valores por um hambúrguer e um monte de suas variedades?
Coca cola, tênis de marca, jeans que soa como liberdade?
Só é possível entender uma revolução contra regimes ditatoriais de figuras abjetas, caso do presidente do Egito o general Hosni Mubarak, ou o da Líbia, o coronel Muamar Gaddafi, o do Iêmen, do Barein, o rei saudita, se houver um propósito definido nessa ânsia de democracia.
Democracia tutelada pelos generais egípcios com Mubarak numa estação de veraneio?
Democracia na definição clássica “é o governo do povo, pelo povo e para o povo”. A intervenção norte-americana (por enquanto através de pressão e controle exercido sobre os militares do Egito) sepulta qualquer chance de democracia.
Aceitar passivamente a política terrorista do governo de Israel, ignorar o drama do povo palestino?
No final da semana passada os EUA vetaram uma resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU que condenava os assentamentos israelenses em terras palestinas. O direito de veto das chamadas grandes potências equivale ao de definir o mundo ao sabor dos seus interesses.
O governo egípcio de Hosni Mubarak vendia petróleo a Israel por preços abaixo dos do mercado internacional por conta de um acordo feito debaixo de fortes pressões norte-americanas e os generais continuam a honrar o desonroso acordo.
A passagem de navios da Marinha do Irã pelo Canal de Suez provocou protestos de Israel e o governo de Barack Obama disse que iria “monitorar” o canal.
Uai! Quem manda no Egito? Os egípcios ou os norte-americanos E seus generais cheios de medalhas por ajudar velhinha a atravessar a rua, ou por cárceres cheios de opositores torturados?
As “preocupações” da comunidade internacional com as revoltas nos países árabes cingem-se aos “negócios”, aos seus interesses e a garantia da impunidade das práticas terroristas do governo de Israel.
Não existe nenhuma comoção com a vontade dos povos árabes de encontrar seu próprio caminho a partir de seus valores, suas vontades, pois na cabeça dos norte-americanos o que não é “made in USA” não presta.
As forças armadas desses países, em sua esmagadora maioria, está corrompida pelos ditadores e pelos EUA (não é o caso da Líbia, por enquanto)
Militares como Gadfafi promovem revoluções libertárias e nacionalistas e ao se instalar no poder jogam o ideário fora, criam verdadeiras aberrações em matéria de ditaduras, se ditadura, qualquer uma, por si só, não seja em si uma aberração.
A região é rica em petróleo. A guerra do Iraque foi montada em cima de uma farsa – armas químicas e biológicas – para que norte-americanos e suas colônias européias pudessem – como fizeram – ratear o petróleo.
São os povos árabes, só os povos árabes que devem decidir e definir os rumos que pretendem.
Quando o governo de extrema-direita da França fala em violência na Líbia, esquece-se da violência de franceses contra os argelinos na luta pela independência do País. Nem tão remota assim, nas décadas de 50 e 60 do século passado. Menos ou pouco mais de 50 anos.
Quando Barack Obama vai compungido para as redes de tevê no show do conglomerado EUA/ISREAL TERRORISMO S/A falar em liberdades e direitos humanos nem se lembra do campo de concentração de Guantánamo, das prisões no Iraque, ou de bombardeios – sábado houve outro – contra civis no Afeganistão e muito menos das revelações feitas pelo site WIKILEAKS sobre a barbárie norte-americana em cada canto do mundo.
Do massacre de civis na Colômbia, no Haiti (com a cumplicidade dócil e submissão do governo brasileiro).
Investem logo contra o Irã. O demônio preferido do momento. Os presidentes no Irã são eleitos pelo voto e após a revolução islâmica seis iranianos já presidiram o país.
A falta de lideranças de oposição nos países árabes acaba por permitir que velhos generais mantenham o poder, mantenham as estruturas das ditaduras e a submissão aos EUA. É o que está acontecendo no Egito.
Massacre! Existe na história da humanidade massacre maior que as bombas despejadas sobre Hiroshima e Nagazaki?
Ou o napalm sobre as florestas do Vietnã? O uso de balas de urânio empobrecido contra iraquianos pelos rapazes de Bush e Obama?
Só aos povos árabes cabe decidir o seu destino.
Que diferença existe em Obama e Gaddafi exceto no fato de Obama dispor de Hollywood e bons diretores para sua farsa?
O que é Obama além de um pastel de vento na força predadora e estúpida de um conglomerado terrorista – EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A –.
A democracia e a liberdade, os direitos humanos do ponto de vista dos EUA terminam quando seus aliados são ameaçados, suas colônias na Ásia, na África, na Europa?
Há todo um processo de barbárie implementado a partir de Washington. De um poder imperial e sem entranhas, onde o próprio povo norte-americano começa a ser cada vez mais entorno do conglomerado que governa o país e dia a dia vai se tornando mais doente na doença do capitalismo, no fundamentalismo do deus mercado, no terror de arsenais nucleares.
No Brasil não é muito diferente. A democracia tem forma na Constituição, mas a Polícia Militar do Estado de São Paulo prende e algema uma professora que trazia em sua bolsa um tablete de rapadura achando que fosse uma droga.
Ou na escrivã, também São Paulo, que é despida por delegados para ser revistada numa brutal violência contra a mulher.
Esse tipo de violência é intrínseco ao poder totalitário entranhado na cultura dos povos do mundo inteiro por conta desse tentáculo terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
Invadem uma favela e matam dois inocentes alegando que estavam travando tiroteio com traficantes. Quantos policiais não sobem aos morros para buscar a “gratificação”?
O que tem uma coisa a ver com a outra? A ditadura escancarada em muitos países a forma “suave” de barbárie que permeia todas as nações do mundo.
Ao apagar das luzes da ditadura militar no Brasil o general Octávio Medeiros, um dos mais influentes ministros de Figueiredo, disse a jornalistas que eleições diretas só em 1990, isso em plena campanha DIRETAS JÁ.
Medeiros foi um dos responsáveis pelo atentado fracassado do Riocentro.
O que ocorre nos países árabes é um preâmbulo do futuro de países latinos, asiáticos e africanos submetidos a democracias construídas sobre escombros de ditaduras, ou a ditaduras mesmo.
É um processo, é a história.
O que os árabes estão a fazer é a descoberta da pólvora. De uma forma ou de outra, mesmo que não saibam que caminho tomar numa eventual bifurcação, cabe a eles, só a eles decidir o destino de seus países.
O conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A quer apenas comprar borracha e vender pneu.
E controlar generais especialistas em ajudar velhinhas a atravessar a rua. Dá direito a medalha.

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