Somos blogueiros de esquerda
9 novembro 2010Na tarde desta terça-feira um debate muito proveitoso ocorreu no Twitter envolvendo alguns blogueiros e twitteiros de várias partes do Brasil. Partindo de um ponto específico, chegamos a questões mais amplas, especialmente relacionadas a formas pelas quais podemos ajudar uns aos outros e fortalecer esse espectro de comunicadores independentes, alternativos, de esquerda, como queiram. Para não me adiantar às discussões que prosseguirão em uma lista de emails e logo deverão começar a repercutir, vou apenas comentar aqui alguns pontos já falados no Twitter, sem levantar sugestões específicas ou possíveis formas de solucionar a questão.
O principal problema que desencadeou as reflexões e debates foi a percepção geral entre esses twitteiros de que os blogueiros “famosos” reproduzem algumas práticas da mídia hegemônica, tradicional, e pouco colaboram para que os outros blogs possam crescer também, aumentando, assim, a força do conjunto. Falta, em alguns deles, a visão de grupo, a visão de conteúdos alternativos como construção coletiva.
Falei, então, na possibilidade de estar surgindo uma “classe média” na mídia brasileira. Outros preferiram chamar de “classe B”. Pode ser. O importante é que está se reproduzindo, dentro do espaço dos blogs, a hierarquização de conteúdo que já vamos no conjunto das mídias. Isso não é ruim, e não há porque ser condenado. Mas essa estrutura não pode ser alimentada e insuflada por quem defende verdadeiramente uma democratização do espectro midiático.
É preciso a consciência de que a democratização da mídia depende da noção de integração, coletividade, trabalho em equipe, fortalecimento conjunto do que foi chamado de grupo de “blogueiros progressistas”, mas, sem acomodação com partidos ou com os preconceitos da sociedade, deveria ser chamado de “blogueiros de esquerda” ou algo do tipo.
Os recursos para esse trabalho em equipe são inumeráveis. São, na verdade, o pressuposto inicial da internet, a formação de redes. E ainda que as redes precisem de alguns fios mais fortes para que os demais se mantenham unidos, os mais fortes também precisam dos mais fracos. Um fio rompido e a rede está enfraquecida. É preciso, então, que os mais fortes também colaborem com os mais fracos, que seja um grupo minimamente coeso. Não pode acontecer de ficarmos alimentando e fortalecendo quem não nos fortalece e não nos alimenta. Precisa ser recíproco. Fique claro, porém, que não há nesses comentários, como não houve no debate da tarde, qualquer caráter de embate. A ideia é reconstrução.
Os blogueiros e twitteiros que participaram da conversa:
@maria_fro (www.mariafro.com.br)
@arnobio1969 (www.arnobiorocha.wordpress.com)
@Tsavkko (www.tsavkko.blogspot.com)
@luckaz (www.diarioliberdade.org)
@nideoliveira71 (www.pimentacomlimao.wordpress.com)
@GuilhermeJrg (www.resistenciacarioca.blogspot.com)
@LaPasionaria (www.brasilmobilizado.blogspot.com).
Postado por Alexandre Haubrich
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