Se, para o Jornal Nacional falardas ligações de Paulo Preto com José Serra e do sumiço de R$ 4 milhões de provável caixa 2 para a campanha do tucano está além da imaginação, para a IstoÉ é fato jornalístico e está na capa de sua atual edição. A revista cobra de Serra explicações à sociedade brasileira por ter dito inicialmente que nem sabia quem era Paulo Preto, e saído no dia seguinte em sua defesa, depois que o engenheiro fez a ameaça explícita de que “não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro.”
Responsável pela reportagem do desvio dos R$ 4 milhões arrecadados por Paulo Preto junto a empreiteiras, a Isto É reafirmou a denúncia, baseada em entrevistas com 13 dirigentes tucanos, “várias delas gravadas”, e conta que após a publicação, o engenheiro do governo paulista, que trabalhou com Serra até o último dia de seu governo, telefonou para vários líderes, “dois deles com cargos no comando da campanha presidencial” tucana, e a decisão foi abafar o assunto.
Só que Dilma levantou o assunto no debate da Rede Bandeirantes e Serra se contradisse em menos de 24 horas depois da ameaça do seu colaborador. A Isto É afirma que as versões contraditórias de Serra criaram uma dúvida nos eleitores: “Em qual Serra o eleitor deve acreditar? Naquele que diz não conhecer o engenheiro ou naquele que elogia o profissional acusado pelo próprio PSDB de desviar R$ 4 mihões da campanha?” E levanta suas próprias questões: “Por que o tema lhe causou tanto constrangimento? O que Serra teria a temer para, em menos de 24 horas, se expor publicamente emitindo opiniões tão distintas sobre o mesmo tema?
Seriam “as circunstâncias”, como ele cinicamente explicou o descumprimento de uma promessa e que, depois, não tem pudor em ir à televisão dizer que um candidato a Presidência tem de falar “a mesma coisa hoje e amanhã”. Veja aqui o vídeo do cara de pau.
Segundo a IstoÉ, após o debate na Bandeirantes, Paulo Preto, furioso por não ter sido defendido por Serra, disparou telefonemas e ameaçou “abrir o verbo” se continuasse apanhando sozinho. A defesa de Serra no dia seguinte confirmou sua força. A revista voltou a entrar em contato com tucanos que denunciaram o desvio dos R$ 4 milhões da campanha, mas o recuo foi geral e estratégico. “Não é hora de remexer com o Paulo Preto. Isso poderá colocar em risco nossa vitória”, disse um membro da Executiva Nacional do PSDB, segundo a revista.
A IstoÉ afirma que as arrecadações feitas por Paulo Preto e denunciadas pelo próprio PSDB só se realizaram em razão de obras públicas, financiadas com dinheiro do contribuinte. Além disso, o desvio, se comprovado, caracterizaria a prática criminosa de caixa 2 eleitoral. A revista ainda levanta indícios de prática de tráfico de influência já que Paulo Preto contratou o escritório de advocacia em que trabalha a sua filha para defender o Dersa, sendo que a banca advogava para as construtoras.
Paulo Preto “teve um peso enorme na gestão tucana em São Paulo”, diz a Isto É, que obteve relatório do TCU mostrando que o ex-diretor chegou a pagar às empreiteiras de forma antecipada, o que foi considerado conduta indevida pelo risco de as empresas receberem o pagamento sem garantia do cumprimento das obras.
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