reproduzido do blog Acerto de Contas
Se os diabos fogem das cruzes, os ratos fogem das luzes, dos holofotes. O anonimato é um dos refúgios desses seres sorrateiros e sujos. Se a luz bate em seus focinhos, os danados se danam a correr pra vala obscura onde vivem. As correntes de e-mails apócrifos e caluniosos contra a candidata do PT, Dilma Rousseff, viveram um dia ímpar, ontem. Um dos autores desses e-mails difamatórios teve seus nome e sobrenome postos à luz pelo jornalista Tony Chastinet. Além disso, Chastinet descobriu também que o responsável pelo site Tribuna Nacional (cuja leitura era recomendada no e-mail) é um ex-presidente da Juventude Nazista no Brasil. O site e seu conteúdo calunioso foi retirado do ar.
O e-mail recebido pelo jornalista havia sido enviado por um tal de Ingo Schimidt, e no e-mail, além das calúnias e difamações de sempre, constava um pedido de voto no candidato José Serra e a recomendação de leitura do site Tribuna Nacional. Basta clicar no link http://www.tribunanacional.com.br/ pra ver que o site não está mais no ar.
Na noite passada, busquei o site e li alguns textos. Muitos deles de autoria do próprio Ingo Schimidt. Quase todos com aquela mesma diagramação dos e-mails caluniosos que se tornaram comuns e cotidianos nesta campanha: excesso de caixa alta, textos em azul e vermelho, palavrório sujo e delirante do começo ao fim. Navegando pela página, a impressão que tive é que se tratava de um verdadeiro quartel virtual de mensagens apócrifas de cunho difamatório.
Provavelmente a luz da denúncia ofuscou os olhos e assustou o roedor obscuro responsável pela página, que a retirou do ar de ontem para hoje. Já imaginando que após as denúncias o site seria retirado do ar, fiz o print screen que ilustra este post durante minha visita ao site. Na descrição do que é o Tribuna Nacional, seus autores anônimos diziam:
Quem somos:
Somos cidadãos, homens e mulheres, preocupados com o destino da nação e o futuro dos nossos filhos.
O que pensamos:
Defendemos as liberdades individuais, liberdades contrapostas a responsabilidades, liberdades baseadas não no direito posto, mas sim no direito natural.
O que queremos:
Queremos criar um espaço para outros cidadãos poderem se manifestar, livres da censura, manipulação e propaganda oficial e livres da manipulação e servilismo da imprensa institucionalizada.
Até arrisquei um teste no grau de “liberdade” desses “cidadãos”, mas não obtive sucesso e desisti de tentar fazer qualquer comentário. Era preciso estar logado no site, e eu preferi não dar meu e-mail e dados para esse site bizarro que saiu do ar depois da denúncia. As seções de “Reserva de Direitos” e “Fale Conosco” já estava fora do ar quando da minha visita. Análises semânticas dos dizeres que o ilustravam, transcritos acima, eu deixo para vocês.
O site Tribuna Nacional, segundo Tony Chastinet, está registrado na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em nome do “Círculo Memorial Octaviano Pinto Soares” (localizado em Brasília).
O responsável pelo site Tribuna Nacional chama-se Nei Mohn. Figura obscura dos tempos da ditadura militar, filho do general reformado Otto Mohn, Nei foi líder da Juventude Nacionalista Anticomunista (organização mais conhecida como Juventude Nazista).
Também era informante do Centro de Informações da Marinha (Cenimar), suspeito de atos de terrorismo na década de 1980 e acusado de falsificar o jornal O São Paulo, da Arquidiocese Paulistana. Além disso (segundo matéria da Veja de 1980) também era conhecido pela crueldade com que tratava seus filhos (leiam mais sobre essa figura nas matérias da Veja de 1980, e da IstoÉ de 1982, linkadas ao final deste post).
Pelo visto, o tempo passou mas Nei Mohn continua sua missão anacrônica e delirante contra os “comunas”. Desta vez, arvora-se do submundo-roedor do anonimato para difamar e caluniar a candidata Dilma Rousseff. Mas a máscara caiu.
E a campanha de José Serra mostra porque não vale nada: não tem propostas para o país e optou pela estratégia da destilação de ódio da forma mais rastaquera possível: valendo-se da tática das ratazanas anônimas em correntes de internet.
Segue o texto de Tony Chastinet, publicado ontem no blog Escrevinhador.
“O CAMINHO DA CALÚNIA”
por Tony Chastinet
Recebi ontem à noite um daqueles e-mails nojentos e anônimos, que estão circulando na internet, com calúnias contra a candidata Dilma Roussef. Decidi gastar alguns minutos para tentar identificar os autores. Consegui, e repasso abaixo as informações sobre os autores da baixaria – incluindo as fontes da pesquisa.
Há um e-mail circulando na internet com o seguinte título: “Candidatos de esquerda”. Na mensagem há uma série de calúnias contra Dilma, e o pedido para se votar no Serra. Também recomenda a leitura do site www.tribunanacional.com.br.
Entrei na página e de cara me deparei com aquela foto montada da Dilma ao lado de um fuzil. Uma verdadeira central de calúnias ligada à extrema direita. Vejam uma amostra neste link http://www.tribunanacional.com.br/v2/editorial/a-terrorista/.
O e-mail foi enviado para minha caixa postal na noite de domingo. O remetente é um tal de Ingo Schimidt (ingo@tribunanacional.com.br). O site está registrado na Fapesp em nome do “Círculo Memorial Octaviano Pinto Soares”.
Essa associação tem CNPJ (026.990.366/0001-49), está localizada na SCRN, 706-707, Bloco B, Sala 125, na Asa Norte, em Brasília. O responsável pelo site chama-se Nei Mohn. Em uma pesquisa superficial na internet, descobre-se que ele foi presidente da “Juventude Nazista” em 1968. Era informante do Cenimar e suspeito de atos de terrorismo na década de 80 (bombas em bancas de jornais e outros atentados feitos pela tigrada da comunidade de informações). Também foi investigado por falsificar o jornal da Igreja Católica, atacando religiosos que denunciavam torturas, assassinatos e desaparecimentos (vejam abaixo nas fontes).
Nunca foi investigado e sequer punido pelas barbaridades que aprontou. Para isso, contou com a proteção dos militares e da comunidade de informações para abafar os escândalos e investigações.
Prossegui na pesquisa e descobri que o filho de Nei, o advogado Bruno Degrazia Möhn trabalha para um grande escritório de advocacia de Brasília contratado por Daniel Dantas para representar o deputado federal Alberto Fraga (DEM) em ação no TCU movida pelo deputado para tentar impedir a compra de ações da BRT/OI pelos fundos de pensão.
Interessante essa ligação entre a extrema direita, nazistas e Daniel Dantas. Mas tem mais.
No registro do site ainda há outros dois nomes apontados como responsáveis pela página: Antonio Afonso Xavier de Serpa Pinto e Zoltan Nassif Korontai.
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Fontes:
– Tribuna Nacional – Dados do Registro.br
domínio: tribunanacional.com.br
entidade: Círculo Memorial Octaviano Pinto Soares
documento: 026.990.366/0001-49
responsável: Nei Möhn
2 – Nei Mohn
Matéria Veja de 1980 –
http://www.arqanalagoa.ufscar.br/pdf/recortes/R06814.pdf
Matéria da Isto É de 1982 –
http://www.arqanalagoa.ufscar.br/pdf/recortes/R03648.pdf
3 – Filho de Nei
Bruno Degrazia Möhn (OAB/DF 18.161)
Trabalha no escritório Menezes e Vieira Advogados Associados – http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articuladas.aspx?cod=11457 – artigo defesa ppp
Escritório contratado por Dantas no caso BRT – http://www.anapar.com.br/noticias.php?id=6602
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