Repórter da Radiobrás é o mais recente dos jornalistas que desagradam o pré-candidato tucano. Mensalão do DEM, Banco Central e privatizações foram os motivos da ira Serra não gostou de ser questionado sobre privatizações nesta sexta (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
O pré-candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) irritou-se pela terceira vez na semana com um repórter nesta sexta-feira (14). Um jornalista da Radiobrás questionou, no Rio de Janeiro, se um eventual governo comandado por ele promoveria a privatização de estatais.
A pergunta foi se Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal estariam livres de serem vendidas à iniciativa privada. "Claro que sim, quem falou o contrário? De onde você é?", irritou-se Serra. Diante da identificação do repórter como sendo da Radiobrás, emissora pública, integrante da Empresa Brasil de Comunicações (EBC), o pré-candidato disparou: "Muito bem, então informe isto a seus patrões".
Na segunda-feira (10) e no dia 5 de maio, o tucano protagonizou outro bate-boca. Em entrevista à rádio CBN, Serra não gostou de ser inquirido sobre a manutenção ou não da autonomia de operação do Banco Central. A formulação da pergunta, porém, desagradou o pré-candidato que afirmou que a autoridade monetária "não é a Santa Sé" e pode ser criticada mesmo mantendo a autonomia. Depois de reclamar da jornalista Miriam Leitão, ele exigiu que a entrevista fosse "adiante".
Na semana anterior, no Rio Grande do Sul, outro desentendimento. Em entrevista ao TVCom, emissora da RBS em Porto Alegre, Serra não gostou de ser questionado sobre o escândalo de corrupção no Distrito Federal, envolvendo o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido). A insistência da repórter Carolina Bahia, do jornal Zero Hora, sobre o chamado "mensalão do DEM" levou à aspereza.
Choques com jornalistas não são exatamente uma novidade na trajetória de Serra, especialmente com profissionais da EBC. Ainda como governador de São Paulo, em fevereiro deste ano, Serra não gostou de uma pergunta a respeito do rompimento de uma adutora da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Na ocasião, ele insinuou que a TV Brasil, empresa em que o repórter trabalhava, fazia uma cobertura desfavorável de sua gestão. "Espero que a TV Brasil tenha o mesmo interesse com cada estado e município", declarou.
Com o jornalista Afonso Mônaco, da Rede Record, o motivo do descontentamento foram interrogações sobre convênio do governo paulista com a Rede Globo que levou incluiu o uso – apontado como irregular pela reportagem – de um terreno na capital paulista. O caso faz parte da disputa entre as emissoras.
Privatização
A privatização é um dos pontos usados pelos partidos aliados do governo federal para criticar o PSDB. Na gestão de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002, foram realizadas privatizações de grande porte, como das telecomunicações. Durante a campanha eleitoral de 2006, o então candidato Geraldo Alckmin chegou a assumir o compromisso de não realizar privatizações caso eleito.
Nesta sexta, depois de reclamar da pergunta do repórter da Radiobrás, Serra acrescentou que não tem nenhum programa de privatização em mente. "Aquelas que eram fundamentais de serem privatizadas, atividades típicas de setor privado, como petroquímica, aço e telecomunicações, já foram. E o atual governo só fez reforçar isso. Não tenho no horizonte nenhuma privatização pela frente", escapou.
Em abril, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) recuperou documentos do Ministério da Fazenda que tratavam da disposição do órgão em promover a desestatização de bancos públicos. Nesta semana, o blogue Cloaca News aponta uma representação de 2007 do secretário de Educação de São Paulo – ex-ministro da área – contra a Petrobras pela aquisição da Suzano Petroquímica. Na argumentação, Renato lembra que a empresa adquirida havia sido entregue à iniciativa privada por meio do Plano Nacional de Desestatização.
Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual
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