4 de maio de 2010

O trem

Para Verônica


Quando o trem parar na estação,
Não tenhas medo, entre.
O primeiro vagão está cheio de amargura,
O segundo está cheio de desilusões,
O terceiro está inundado de lágrimas contidas.
Mas, eu te digo: não tenhas medo. Entre!
Nos outros muitos vagões
Estão os espectros de trovadores agoniados,
De menestréis frustrados
Com corações dilacerados
Por amores não correspondidos
Há ainda os que contém a crueza
da luta pela melhoria de vida dos semelhantes,
Essa luta interminável, chamada Ideologia.
Há outros que contem flores murchas
Já quase sem vida e perfume.
Mas há um vagão no fim
Que não contém nada.
Ele é só espaço e negrume.
Não entres neste!
Deixe que seus olhos se acostumem
Assim poderá ver que dentro do vagão
Há um menino sentado
Puro como o lótus no pântano.
Dê a tua mão ao menino
E juntos retornem ao primeiro vagão.
Assim verás o renascer das flores
A alegria dos trovadores e menestréis tornados à vida,
Poderás vislumbrar a melhoria da vida de todos
E uma sonata de Bach preenchendo o espaço dos primeiros,
Fazendo desaparecer a amargura, a desilusão e as lágrimas.
E quando olhares para o menino
Não verás mais um menino.
Verás um homem.
Um homem feliz com a tua chegada.

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