por Demian Dantas
demianrs@gmail.com
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Talvez eu esteja sendo demasiado otimista, mas pra mim 2008 foi um ótimo ano. Na verdade, no que se refere ao Brasil e ao mundo, não lembro de um ano melhor que este. Não, não é a vitória do Obama que me leva a pensar assim. Na verdade, os grandes responsáveis pela minha alegria foram Bush, os neoliberais, e agora, já no finalzinho do ano, os israelenses.
Não amigos, não estou mais sob o efeito dos espumante. Estou perfeitamente sóbrio. Por mais chocante que possa parecer, devemos muito a esta corja.
BUSH
Vejamos o caso de Bush, por exemplo. Para a América Latina, ele foi o melhor presidente que os EUA já tiveram. Nos oito anos em que habitou a Casa Branca, pouco lembrou desta região. Se não fosse o Hugo Chavez, talvez tivéssemos passado os dois mandatos de Bush sem ouvir ele se referir a nós. Melhor, quem sabe a Quarta Frota não tivesse descambado para esses lados, com a desculpa esdrúxula de “combater o terrorismo e o narcotráfico”.
Claro que o povo latinoamericano fez sua parte, elegendo governos de esquerda, que trataram de se afastar da influência maligna de Washington. No fim das contas, sobrou só o Álvaro Uribe para servir de fantoche estadunidense no continente.
Porém, a verdade é que Bush se distraiu tanto promovendo sua guerra contra o terror, que deu espaço de sobra para desatarmos muitas amarras que nos mantinham sobre os cotovelos imperialistas.
O Brasil, por exemplo, mandou o FMI pastar, para o desespero do PSDB e dos DEMOS, fechou a base de Alcântara para a Nasa, e Lula se viu livre para construir relações com o mundo todo, abrindo novos mercados para a indústria Brasileira. Ou seja, tanto o Brasil, como nossos vizinhos, estão hoje imensamente menos dependentes e subservientes à turma do norte.
Obrigado Bush!
NEOLIBERALISMO
Outra conquista altamente positiva do governo Bush, foi ter servido de exemplo ao mundo todo, de como NÃO se deve conduzir a economia.
A seu modo, Bush provou, juntamente com Alan Greenspan, aquilo que a esquerda já havia descoberto a décadas, ou seja, que o neoliberalismo está fadado ao fracasso.
Já é 2009, e ainda não consegui encontrar um neoliberal que consiga dar uma explicação minimamente razoável para a bobagem que cometeram. Continuam defendendo a desregulamentação, as privatizações e o encolhimento do estado, o que é óbvio, afinal depois de anos posando de “faróis de Alexandria”, é difícil confessar o erro e a ignorância, mas apontar uma solução para o brejo em que meteram a economia global, até agora não vi não.
Nem figuras tarimbadas como Fernando Henrique Cardoso, Mirian Leitão ou o asqueroso do Carlos Alberto Sardenberg, conseguiram até o momento, esboçar uma resposta convincente de como o mundo deve fazer para superar essa crise causada pela fórmula econômica que eles defendem com unhas e dentes, na política e na mídia.
ISRAEL
A primeira vista, é difícil achar algo positivo nas ações do estado de Israel. A anos vemos este minúsculo país do Oriente Médio promover um cerco macabro ao pequeno e indefeso povo palestino, subjugando milhões de pessoas a sua vontade, a miséria e a violência.
Tudo com a conivência e apoio financeiro e militar de algumas grandes potências, como, não poderia deixar de ser, capitaneadas pelos EUA, que como sempre, consegue achar uma desculpa absurda para promover tudo que é atrocidade militar. No caso, justificar a carnificina israelense como resposta aos ataques do Hamas, com foguetes, ao povo israelense. Legítima piada de humor negro. Pra se ter uma idéia do absurdo, às vésperas da virado de ano, Israel já tinha assassinado mais de 300 palestinos, contra 4 israelenses vítimas dos foguetes do Hamas.
Porém, quanto maior o extermínio promovido por Israel, maior a indignação pública no mundo todo com esse modelo de governo imperialista e profundamente voltado a cumprir interesses de grandes conglomerados industriais, envolvidos na mortandade palestina. Assim como na guerra do Iraque, quem manda são os complexos bélicos multinacionais, mas prioritariamente americanos.
Tanto quanto os EUA angariaram desafetos e inimigos pelo mundo todo na gestão belicista de Bush, o mesmo se sucede com Israel agora. Ou seja, apesar de toda desgraça que estão causando, os Israelenses podem estar ajudando os críticos de seu governo, lá e no mundo todo, a convencerem de vez a opinião pública que o imperialismo e a violência militar, são um modo horrível de promover a paz no mundo.
OU SEJA...
Eu poderia citar mais uma série de boas notícias vividas em 2008, como o sucesso do Brasil na área econômica, nas relações internacionais, ou na diminuição da desigualdade social, com programas como o Fome Zero e o Pró-Uni, mas aí eu já estaria chovendo no molhado.
Também poderia observar somente o lado negativo dos acontecimentos, das guerras de Bush, do desemprego causado pela crise do neoliberalismo, ou das vítimas dos crimes israelenses.
Mas esse ano, vou deixar isso pra mídia tradicional fazer.
4 comentários
É,
2008 não foi de todo ruim.
O que alguns imbecis fizeram - ou deixaram de fazer - acaba sendo bom para o Brasil.
Bush vai cair fora, isso é certo.
O neoliberalismo fica, pelo menos, por enquanto, até tucano cair do ninho, desesperado, quando descobrir que suas bandeiras não valem nada!
E Israel ... que coisa feia, gente matando gente! Isso só acaba quando acabar a política nefasta dos EUA em relação ao petróleo.
Mas ... o biodiesel vem aí!
Grande abraço, Demian, e parabéns pela primeira postagem de uma longa série!
ARTHUR BARÃO
2008 foi um ano memorável em todos os sentidos.Mas meu caro Demian, não concordo com a terceira "boa" notícia. Claro.Entendi perfeitamente a ironia embutida no teu blog.Mas minha indignação é tamanha com esse holocausto que assassinou sistematicamente 555 palestinos até o presente momento em apenas 10 dias, que perdi a capacidade de ironizar sobre o assunto. Me perdoa. De resto o teu texto é perfeito! Parabéns!
Demian
Concordo com tudo o que foi escrito.
Se, lamentavelmente, for necessário morrer gente para desmascarar esse Estado Terrorista que é Israel, que assim seja.
Pena que não acredito nisso, pois enquanto êles tiverem controle do capital nos Estados Unidos, o Tio Sam não moverá uma palha contra esses assassinos. Com Obama ou com Bush dá no mesmo. Lá quem manda é o $$$$$$$$$$$$$$$$$$$
Demian,
Ótimo texto. Infelizmente a mídia tradicional não irá fazer as críticas das guerras do Bush, nem do desemprego causado pela crise do neoliberalismo, ou das vítimas dos crimes israelenses. No máximo, falarão sobre as guerras contra o terror, os desempregos causados pela crise mundial sem tocar no pano de fundo da questão como se o modelo político/econômico não fosse o responsável e nas mortes dos palestinos após as ações terroristas do Hamas.
Mas certamente, transformarão em más noticias as boas noticias sobre a economia brasileira, os resultados da balança comercial e nossas relações internacionais, o programa fome zero e o pro - uni como política de inclusão social. Torcerão para que o Brasil entre em recessão profunda, que surja uma nova epidemia (fictícia, como a da febre amarela), que caia mais alguns aviões para que se comprove o “causaéreo”.
Enquanto isso, nós, como formiguinhas, vamos tentando cavar espaço e ganhar visibilidade para desconstruir a lógica facista dessa elite assassina que domina o mundo.
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