Por Júlio Pegna
Estive nas manifestações dos dias 18 e 31 de Março. Ao lado
de movimentos sociais organizados, sindicatos, associações, jovens, velhos,
pobres e ricos. Vi de tudo na rua. Foram manifestações populares porque havia
povo. Bem diferente das marchas contra a Democracia.
Mas há uma coisa em comum nos dois movimentos, os de direita
e de esquerda: são românticos e deixam a sensação de que o poder emana do povo.
Balela!
O golpe aconteceu há 2 anos num posto de gasolina com a
prisão de Alberto Youssef. Daí o nome Lava Jato. Foi nesse dia que começou a se
arquitetar o plano de destituição de um governo popular eleito na urna, com
participação de todas as tendências políticas. Limpo.
Não tenho dúvidas que exista uma articulação com
financiamento internacional que pretende se apoderar de uma riqueza imensa,
algo em torno de 8 trilhões de dólares, em forma de um liquido preto viscoso. Petróleo.
Não existe um país no mundo em que sua justiça destrua
empresas em nome do que quer que seja. Aqui, na contramão, a Lava Jato operou
para desvalorizar a Petrobras e as empreiteiras.
Raciocine comigo: a maior empreiteira do Brasil é a Norberto
Odebrecht, mas foi a última ser incluída na investigação. Deveria ter sido a
primeira.
Estratégia? Óbvio! O desmonte começou com as menores cujas obras se espalham pelo Brasil inteiro. Meticulosamente planejado.
Em consequência, caiu a atividade econômica e o índice de
emprego. Cai a arrecadação e o dólar dispara. Os preços internacionais aumentam
e surge a inflação dos importados. As contas públicas se desequilibram e a crise não para de crescer.
Quem entende um pouco de economia sabe que a queda do PIB não foi obra dos atos do governo, mas de um boicote sistemático à arrecadação e ao emprego.
A lógica é simples, mas muito, muito bem
arquitetada.
Sempre enxerguei Sergio Moro como um ser incapaz de colocar
em prática um plano desses. Nem os meninos do Ministério Público Federal de
Curitiba. São da área do direito, não entendem de mercado, de cotações, de
imaginário popular, de manobrar massas.
Quem, então?
A CIA, a Globo, a FIESP, os bancos, ou todos em conjunto. Não
importa quem, mas há marqueteiros sagazes por trás do golpe. Uma inteligência nociva, obscura, oculta,
nos porões. Manipulam dinheiro e seus interesses estão acima da democracia, da
liberdade, da individualidade. Eles se lixam para você!
Onde quero chegar?
Está claro que atingimos um ponto onde há uma profunda
divisão da sociedade. Não é relevante, neste momento, culpar este ou aquele,
saber quem é o arquiteto ou de onde vem o dinheiro. Estamos diante de uma crise
que, em algum momento, vai alcançar o ponto crucial:
Ou Dilma cai ou fica!
Levar milhões de pessoas às ruas pedindo pra sair ou ficar não
decide o futuro político do país, não nos tira nem aprofunda a crise. Não resolve.
É cair ou ficar!
Quem decide é o Congresso Nacional. Para um lado ou para o
outro. Não há meio termo, não há saída intermediária.
Haverá insatisfação dos perdedores. Seja um ou outro.
O que virá depois?
Nas ruas, na manifestação das esquerdas, o grito
#NaoVaiTerGolpe vem seguido de outro: #VaiTerLuta. Nas passeatas da direita, há
um ódio incontrolável, um desejo de extirpar a esquerda e a demonstração de que
haverá violência se não alcançarem o objetivo.
É isso que preocupa. A Luta. O sangue. As vítimas que saíram
às ruas de forma romântica acreditando que sua voz pode ser ouvida.
A sensação que tenho é que não haverá controle sobre as
consequências, depois que Dilma cair ou ficar. Estamos às vésperas de escrever
páginas violentas de nossa história, com sangue e destruição.
Se Dilma ficar – é isso que espero e vou defendê-la até o
fim –, os mentores intelectuais do golpe vão jogar na rua sua massa de classe
média descontente. Vai seguir destruindo a economia, o emprego, o sistema
legal, a produção e os preços.
Se Dilma cair – e não vou aceitar –, uma provável onda de
greves colocará o país num caminho de queda da economia, de desabastecimento,
de invasões e de convulsão. As lideranças vão colocar sua massa nas ruas, desta
vez não para dizer que não vai ter golpe, mas para revertê-lo.
Em qualquer dos dois cenários haverá gente fora de controle.
Sabemos que basta um tiro, uma pedrada, uma vitrine quebrada para começar uma
revolta. Correria, gritos, bombas e ... sangue!
E as Polícias Militares com seus exércitos de assassinos à
solta, com seus alvos pré-definidos, com bombas de fumaça para encobrir as
chacinas.
Acha que é exagero?
Adoraria estar delirando, mas vi pessoas, de ambos os lados,
que não estarão dispostas a voltar para casa em caso Dilma cair ou ficar,
conformadas em esperar as próximas eleições. Qualquer que seja o lado perdedor,
a Democracia, já na corda bamba, pendendo, estará correndo o risco de cair. Já
está, aliás. Basta um ligeiro empurrão e...
E depois, quando tudo passar, pois vai passar de um jeito ou
de outro, será a hora de buscarmos os culpados. E tentar recolocar nos trilhos
nossa vida.
Nossa liberdade já está sendo manipulada. Nossa, de toda a
sociedade, de todos os grupos. O perigo é iminente, as relações já estão deterioradas,
as ofensas tornaram-se comuns. A violência física já ocupa o espaço da verbal. A
cordialidade do brasileiro não existe mais desde o golpe iniciado no posto de
gasolina.
Boa sorte a todos. Estarei do lado da Democracia, esteja ela
onde estiver, ao lado de companheiros que pensam como eu, com Dilma e Lula, ou
sem eles!