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O nome deste blog surgiu de uma proposta de alguns amigos
virtuais, há alguns anos atrás, com o objetivo de unir forças progressistas em
torno de ideias.
Não éramos – nem somos – tão jovens quanto estes que
participam hoje das manifestações nas ruas; éramos o que alguém definiu de “manifestantes
de sofá”. Acho que ainda somos!
Entretanto, nossa ‘sabedoria’ acumulada pela idade nos orientava
a assumir a mudança pela via democrática: tínhamos, e temos, a clara percepção
de que através da política se alcança o objetivo em tempos de paz. Nunca
sugerimos ruptura nem quebra-quebra; o voto era, e ainda é, nossa arma mais poderosa.
Mobilizar o Brasil pela via do convencimento, das propostas
de mudança, da vontade de ver emergir a classe trabalhadora no campo das
tomadas de decisão; debater, discutir, levantar ideias e sugestões e ampliar a
divulgação daquilo que acreditávamos, e ainda acreditamos, ser o caminho para o
desenvolvimento através da geração de emprego e distribuição de renda.
De certa forma, os criadores deste blog e centenas de
milhares de outros ativistas virtuais, alcançamos o objetivo principal: os
rumos do Brasil mudaram e passamos a crescer e incluir a classe trabalhadora no
mercado formal, com cidadania e respeito, com claros objetivos
político-econômicos por parte deste governo com a ampliação do crédito,
desoneração tributária atrelada à manutenção do emprego, e tantos outros
programas de cunho social.
É evidente que ainda estamos muito longe da plenitude dos
objetivos. Falta muito a ser feito mas temos consciência de que pela via
democrática é possível alavancar o país a uma velocidade que atenda as
necessidades básicas do cidadão em geral.
Não somos ingênuos a ponto de achar que seria possível
reverter o quadro social brasileiro apenas com uma canetada, sobretudo por
vivermos num país capitalista dominado por poucas, mas influentes, famílias que
se apropriaram dos meios de comunicação; nosso trabalho, e o de milhares de
outros alinhados no mesmo raciocínio, passou a ser a exposição das mentiras e
mazelas apresentadas pela imprensa que se posicionou contra a inclusão social
desde o início, provavelmente por medo de ver esvaírem-se as vantagens que
todos os governos anteriores a Lula lhes oferecia graciosamente.
Acreditamos que mudanças são possíveis. E necessárias. Temos
certeza de que o Brasil pode se mobilizar na busca de melhores dias. É do povo
que surge o desejo pela mudança, não da classe política ou midiática.
Particularmente, o que vejo nestas manifestações diárias não
parece claro e muito menos objetivo. Os discursos soam difusos e muito
heterogêneos. Não há lideranças aparentes, mas os jovens são conduzidos por uma
“entidade” invisível que diz onde e quando deverão se reunir, como se comportar,o
que podem ou não exibir: usam as redes sociais que não passam de sites de
relacionamento entre pessoas, de carne, osso e ideias! Esta forma de atuação
pode se transformar numa armadilha sem volta se compreendida e manipulada por
pessoas mal intencionadas. E não me digam que não é possível, pois a falta de
organização permite infiltrações ideológicas com extrema facilidade.
Uma blogueira disse que o jovem grita o que lhe aperta o
peito. Assim, se unem pessoas nas ruas, identificando os peitos apertados para
gritar na mesma voz. Mas me soa estranho o modo de tratar de questões tão
relevantes como saúde, educação, segurança, transporte público apenas com
palavras de ordem. Sem caminhos não se alcança o objetivo.
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Capa de nosso blog desde sua criação |
A ilusão de assistir centenas de milhares de pessoas nas
ruas pode nos levar ao retrocesso. Não se enganem aqueles que confiam
unicamente na força do povo: a falta de lideranças políticas organizadas abre
espaço para todo tipo de corrente, inclusive as mais perigosas, à esquerda ou à
direita, que sabem perfeitamente como agir para manipular, convencer, provocar
e incendiar a “galera”. Já noto que alguns “manifestantes”, devidamente quantificados
em “apenas 3%”, nada mais fazem que jogar gasolina na brasa quente.
Se for apenas um movimento heterogêneo, acabará logo.
Migalhas serão atiradas e tudo voltará ao normal. Sem objetividade, sem
propostas claras e plausíveis, o máximo a alcançar será a redução das tarifas
do ônibus e uma ou outra promessa do Prefeito e do Governador.
É preciso mais!
A energia dispendida, se jogada fora, se tornará piada para
as futuras gerações.
Para alcançar o objetivo, os estudantes precisam convocar a
sociedade organizada, os Sindicatos, as Associações de Bairros de Periferia, as
Uniões Estudantis, os Movimentos Populares do Campo, os Intelectuais, os Partidos Políticos, a
Galera toda!
Quando proíbem (quem proíbe?) bandeiras de partidos, de
Centrais Sindicais ou do Movimento dos Sem-Teto estão tirando o direito de
livre expressão daqueles que se acham representados por uma agremiação. Isso
não é democrático, isso me leva a crer que o movimento tem dono e o dono, nos censura!
Quando ameaçam o Governo Federal com impeachment estão
assumindo a postura perversa que organizações muito bem equipadas que desejam –
e alimentam – uma reviravolta institucional num movimento apolítico para derrubar
uma liderança política legalmente eleita. Para colocar quem na vaga de
Presidente da República?
Ou, caro leitor, seriam os moços e moças ingênuos e ingênuas
a ponto de preferir Michel Temer a Dilma Rousseff? Recuso-me a acreditar.
Prefiro continuar meu raciocínio sobre mobilização.
Os blogueiros que assinam suas colunas neste blog,
frequentemente somos acusados de fanáticos, intransigentes, autoritários, esquerdistas,
comedores de criancinhas e tantas outras coisas. Tudo em razão de nossas
posições claras a respeito da política: sempre pedimos saúde, educação,
segurança pública, emprego e renda, etc. As mesmas bandeiras erguidas agora pelo
movimento que se espalha nas ruas. E vemos surgir vozes que antes nos
criticavam, enaltecendo o “despertar” do Brasil.
Que bom, me satisfaço em saber que não sou mais fanático nem
intransigente! Nem comedor de criancinhas!
E que os que antes nos condenavam agora, usam nosso mesmo
discurso.
A diferença, entretanto, entre nosso “modelo” de mobilização
está na via de acesso, no meio: acredito cegamente na força da opinião pública
como um todo, nas maiorias silenciosas que se manifestam pela via da legalidade
das ações, pelo voto popular livre e soberano.
O tempo de sair às ruas para impor seus desejos já passou. O
governo, e todos os governos do mundo, não abrem mão de seu poder e detém a
força militar para conter multidões enfurecidas. É assim no Oriente Médio de
hoje, na Europa Oriental de ontem, no Brasil de 1964.
Hoje, no mundo globalizado e cibernético, a hora é de sair
às ruas e exigir seus direitos. Em ordem, mas com determinação; organizados e
unificados em torno de objetivos alcançáveis e factíveis. Com garra, suor e
autoridade.
Sem violência, sem ameaças, sem censura ou provocação.
Os políticos – e não apenas os do Brasil – são muito sensíveis
aos apelos populares e são os únicos com capacidade legal de pavimentar o
caminho para um futuro melhor. A pressão popular é a melhor arma, desde que
usada com sabedoria e respeitando estritamente a Constituição Federal do
Brasil.
Não se deixem manipular, por favor!
Não compete a mim, velho blogueiro sujo, moldar um movimento
nascido na rua. Mas cabe minha opinião enquanto brasileiro:
Não permitam que surrupiem o brilho de um movimento mais que
legítimo, constitucional! Chamem a classe trabalhadora das cidades e do campo para
junto de seus gritos e tragam a esmagadora maioria do povo brasileiro para o
centro dos debates.
Listem as reformas urgentes que queremos, indiquem para onde
queremos canalizar a arrecadação de impostos e quanto queremos arrecadar; criem
fórmulas capazes de extirpar a miséria do Brasil, de impedir que permaneça a
corrupção e os desmandos públicos e privados!
Montem grupos de estudos capazes de produzir propostas para
o transporte coletivo gratuito apontando de onde deverão vir os recursos;
muitos de vocês são universitários e devem saber quem convidar. Preparem
sugestões para a melhoria dos hospitais e postos de saúde; pensem nas
periferias das cidades e no futuro dos jovens operários que não podem estar com
vocês nas ruas. Eles também são brasileiros!
E façam um esforço para compreender que existem
parlamentares corretos, honestos e competentes assim como existem vícios na
medicina, no direito, na empresa privada. Não existem classes profissionais
totalmente honestas ou corruptas: existem pessoas! E elas podem ajudar – e muito
– a alcançar objetivos políticos.
Por fim, está na hora da ação e não apenas em criticar a Copa
do Mundo no Brasil. Pensem nas consequências para a economia do país se os
eventos internacionais forem cancelados. Levem em consideração que os
patrocinadores são sensíveis aos desejos de seus consumidores, e nós somos seus
consumidores!
Ah, já ia me esquecendo... façam um favor a si mesmos e lancem
um plano de democratização e regulamentação da mídia, porque se os barões da
comunicação ficarem livres e soltos, vão morder o traseiro de vocês lá na
frente.
Boa luta!
Júlio Pegna
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