19 de junho de 2013

O VELHO “BRASIL MOBILIZADO”.




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O nome deste blog surgiu de uma proposta de alguns amigos virtuais, há alguns anos atrás, com o objetivo de unir forças progressistas em torno de ideias.

Não éramos – nem somos – tão jovens quanto estes que participam hoje das manifestações nas ruas; éramos o que alguém definiu de “manifestantes de sofá”. Acho que ainda somos!

Entretanto, nossa ‘sabedoria’ acumulada pela idade nos orientava a assumir a mudança pela via democrática: tínhamos, e temos, a clara percepção de que através da política se alcança o objetivo em tempos de paz. Nunca sugerimos ruptura nem quebra-quebra; o voto era, e ainda é, nossa arma mais poderosa.

Mobilizar o Brasil pela via do convencimento, das propostas de mudança, da vontade de ver emergir a classe trabalhadora no campo das tomadas de decisão; debater, discutir, levantar ideias e sugestões e ampliar a divulgação daquilo que acreditávamos, e ainda acreditamos, ser o caminho para o desenvolvimento através da geração de emprego e distribuição de renda.

De certa forma, os criadores deste blog e centenas de milhares de outros ativistas virtuais, alcançamos o objetivo principal: os rumos do Brasil mudaram e passamos a crescer e incluir a classe trabalhadora no mercado formal, com cidadania e respeito, com claros objetivos político-econômicos por parte deste governo com a ampliação do crédito, desoneração tributária atrelada à manutenção do emprego, e tantos outros programas de cunho social.

É evidente que ainda estamos muito longe da plenitude dos objetivos. Falta muito a ser feito mas temos consciência de que pela via democrática é possível alavancar o país a uma velocidade que atenda as necessidades básicas do cidadão em geral.

Não somos ingênuos a ponto de achar que seria possível reverter o quadro social brasileiro apenas com uma canetada, sobretudo por vivermos num país capitalista dominado por poucas, mas influentes, famílias que se apropriaram dos meios de comunicação; nosso trabalho, e o de milhares de outros alinhados no mesmo raciocínio, passou a ser a exposição das mentiras e mazelas apresentadas pela imprensa que se posicionou contra a inclusão social desde o início, provavelmente por medo de ver esvaírem-se as vantagens que todos os governos anteriores a Lula lhes oferecia graciosamente.

Acreditamos que mudanças são possíveis. E necessárias. Temos certeza de que o Brasil pode se mobilizar na busca de melhores dias. É do povo que surge o desejo pela mudança, não da classe política ou midiática.

Particularmente, o que vejo nestas manifestações diárias não parece claro e muito menos objetivo. Os discursos soam difusos e muito heterogêneos. Não há lideranças aparentes, mas os jovens são conduzidos por uma “entidade” invisível que diz onde e quando deverão se reunir, como se comportar,o que podem ou não exibir: usam as redes sociais que não passam de sites de relacionamento entre pessoas, de carne, osso e ideias! Esta forma de atuação pode se transformar numa armadilha sem volta se compreendida e manipulada por pessoas mal intencionadas. E não me digam que não é possível, pois a falta de organização permite infiltrações ideológicas com extrema facilidade.

Uma blogueira disse que o jovem grita o que lhe aperta o peito. Assim, se unem pessoas nas ruas, identificando os peitos apertados para gritar na mesma voz. Mas me soa estranho o modo de tratar de questões tão relevantes como saúde, educação, segurança, transporte público apenas com palavras de ordem. Sem caminhos não se alcança o objetivo.

Capa de nosso blog desde sua criação
A ilusão de assistir centenas de milhares de pessoas nas ruas pode nos levar ao retrocesso. Não se enganem aqueles que confiam unicamente na força do povo: a falta de lideranças políticas organizadas abre espaço para todo tipo de corrente, inclusive as mais perigosas, à esquerda ou à direita, que sabem perfeitamente como agir para manipular, convencer, provocar e incendiar a “galera”. Já noto que alguns “manifestantes”, devidamente quantificados em “apenas 3%”, nada mais fazem que jogar gasolina na brasa quente.

Se for apenas um movimento heterogêneo, acabará logo. Migalhas serão atiradas e tudo voltará ao normal. Sem objetividade, sem propostas claras e plausíveis, o máximo a alcançar será a redução das tarifas do ônibus e uma ou outra promessa do Prefeito e do Governador.

É preciso mais!
A energia dispendida, se jogada fora, se tornará piada para as futuras gerações.
Para alcançar o objetivo, os estudantes precisam convocar a sociedade organizada, os Sindicatos, as Associações de Bairros de Periferia, as Uniões Estudantis, os Movimentos Populares do Campo,  os Intelectuais, os Partidos Políticos, a Galera toda!
Quando proíbem (quem proíbe?) bandeiras de partidos, de Centrais Sindicais ou do Movimento dos Sem-Teto estão tirando o direito de livre expressão daqueles que se acham representados por uma agremiação. Isso não é democrático, isso me leva a crer que o movimento tem dono e o dono, nos censura!

Quando ameaçam o Governo Federal com impeachment estão assumindo a postura perversa que organizações muito bem equipadas que desejam – e alimentam – uma reviravolta institucional num movimento apolítico para derrubar uma liderança política legalmente eleita. Para colocar quem na vaga de Presidente da República?

Ou, caro leitor, seriam os moços e moças ingênuos e ingênuas a ponto de preferir Michel Temer a Dilma Rousseff? Recuso-me a acreditar. Prefiro continuar meu raciocínio sobre mobilização.

Os blogueiros que assinam suas colunas neste blog, frequentemente somos acusados de fanáticos, intransigentes, autoritários, esquerdistas, comedores de criancinhas e tantas outras coisas. Tudo em razão de nossas posições claras a respeito da política: sempre pedimos saúde, educação, segurança pública, emprego e renda, etc. As mesmas bandeiras erguidas agora pelo movimento que se espalha nas ruas. E vemos surgir vozes que antes nos criticavam, enaltecendo o “despertar” do Brasil.

Que bom, me satisfaço em saber que não sou mais fanático nem intransigente! Nem comedor de criancinhas!
E que os que antes nos condenavam agora, usam nosso mesmo discurso.
A diferença, entretanto, entre nosso “modelo” de mobilização está na via de acesso, no meio: acredito cegamente na força da opinião pública como um todo, nas maiorias silenciosas que se manifestam pela via da legalidade das ações, pelo voto popular livre e soberano.

O tempo de sair às ruas para impor seus desejos já passou. O governo, e todos os governos do mundo, não abrem mão de seu poder e detém a força militar para conter multidões enfurecidas. É assim no Oriente Médio de hoje, na Europa Oriental de ontem, no Brasil de 1964.
Hoje, no mundo globalizado e cibernético, a hora é de sair às ruas e exigir seus direitos. Em ordem, mas com determinação; organizados e unificados em torno de objetivos alcançáveis e factíveis. Com garra, suor e autoridade.
Sem violência, sem ameaças, sem censura ou provocação.

Os políticos – e não apenas os do Brasil – são muito sensíveis aos apelos populares e são os únicos com capacidade legal de pavimentar o caminho para um futuro melhor. A pressão popular é a melhor arma, desde que usada com sabedoria e respeitando estritamente a Constituição Federal do Brasil.

Não se deixem manipular, por favor!
Não compete a mim, velho blogueiro sujo, moldar um movimento nascido na rua. Mas cabe minha opinião enquanto brasileiro:
Não permitam que surrupiem o brilho de um movimento mais que legítimo, constitucional! Chamem a classe trabalhadora das cidades e do campo para junto de seus gritos e tragam a esmagadora maioria do povo brasileiro para o centro dos debates.
Listem as reformas urgentes que queremos, indiquem para onde queremos canalizar a arrecadação de impostos e quanto queremos arrecadar; criem fórmulas capazes de extirpar a miséria do Brasil, de impedir que permaneça a corrupção e os desmandos públicos e privados!

Montem grupos de estudos capazes de produzir propostas para o transporte coletivo gratuito apontando de onde deverão vir os recursos; muitos de vocês são universitários e devem saber quem convidar. Preparem sugestões para a melhoria dos hospitais e postos de saúde; pensem nas periferias das cidades e no futuro dos jovens operários que não podem estar com vocês nas ruas. Eles também são brasileiros!

E façam um esforço para compreender que existem parlamentares corretos, honestos e competentes assim como existem vícios na medicina, no direito, na empresa privada. Não existem classes profissionais totalmente honestas ou corruptas: existem pessoas! E elas podem ajudar – e muito – a alcançar objetivos políticos.

Por fim, está na hora da ação e não apenas em criticar a Copa do Mundo no Brasil. Pensem nas consequências para a economia do país se os eventos internacionais forem cancelados. Levem em consideração que os patrocinadores são sensíveis aos desejos de seus consumidores, e nós somos seus consumidores!

Ah, já ia me esquecendo... façam um favor a si mesmos e lancem um plano de democratização e regulamentação da mídia, porque se os barões da comunicação ficarem livres e soltos, vão morder o traseiro de vocês lá na frente.

Boa luta!
Júlio Pegna
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