“FAZER O JOGO DA
DIREITA”
Laerte Braga
A crítica ao governo Dilma Roussef ou ao seu partido, o PT
(Partido dos Trabalhadores) não tem sido respondida com argumentos e
justificativas no mínimo decentes nem pelo governo e nem pelo partido. Um e
outro se valem de um rótulo. “Fazer o jogo da direita”.
Que direita? O pacote de privatizações já anunciado pelo
governo para depois de outubro (quando o pleito municipal for página virada)
segue à risca o receituário neoliberal de FHC e seus tucanos.
As medidas de incentivo à indústria automobilística e outros
dos chamados “setores produtivos” foram ironizadas pela revista FORBES, uma das
bíblias do capitalismo. O consumidor brasileiro é apontado ali como idiota por
pagar mais pelo carro de uma determinada montadora que qualquer consumidor em
qualquer país pressupostamente com as dimensões econômicas do Brasil.
Uma charge que circula pela rede mundial de computadores
mostra o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva dizendo que Dilma superou a
ele, pois conseguiu a um só tempo colocar 36 categorias de trabalhadores em
greve.
Há um projeto de privatização (terceirização é eufemismo)
dos hospitais universitários, no melhor estilo tucano e desmonte dos serviços
públicos através de uma política de “estado mínimo”, outro cânone do
capitalismo e do “deus” mercado.
Quem olhar o discurso da imensa maioria dos candidatos
petistas para as eleições municipais de outubro vai perceber que os nuances que
o diferem dos programas tucanos, ou dos DEM, ou mesmo do PMDB são só detalhes,
pois falam a mesma coisa com palavras diversas no que é essencial.
O PT não inventou a esquerda e nem Dilma é de esquerda. Pode
ter sido, mas isso faz muito tempo. Hoje, segue sem piscar o receituário
neoliberal.
Se olharmos para a América Latina e é preciso acordar para
essa realidade vamos perceber que a própria estatura política do País (que
existiu nos tempos de Lula para sermos justos) sumiu. Hoje não somos mais que
parte do Plano Grande Colômbia nas políticas imperialistas dos EUA em relação a
essa parte do mundo.
Por mais que o governo Dilma disfarce o que está sendo feito
é um exercício cujo preço à frente vai ser alto de malabarismo econômico para
disfarçar o tamanho da crise que começa a colocar o Brasil na mesma rota de
falência do capitalismo, que dirá do modelo lulista de “capitalismo a
brasileira”.
Não temos mais política externa independente. O atual
chanceler conduz o Brasil à boca do leão e nem se preocupa em fazer parecer o
contrário.
O governo não fala em reforma estruturais, pelo contrário,
percorre com esse conjunto de medidas o caminho inverso. A base parlamentar da
presidente tem se valido de sua fraqueza no comando do País para alcançar
objetivos inaceitáveis a um partido pressupostamente de esquerda (a história é,
mas o presente está desvirtuado em todos os sentidos).
O que é o PT hoje? Um partido de coronéis. A aliança com
Paulo Maluf em São Paulo
além de se constituir um escárnio, não trouxe, pelo menos até agora, nenhum
resultado eleitoral, principal objetivo de Lula ao apertar a mão de um dos
maiores quadrilheiros do Brasil.
As críticas ao governo de Dilma Roussef e a postura do PT
diante do quadro político e econômico brasileiro, suas medidas, não estão
fazendo o jogo da direita.
O governo Dilma Roussef é de direita. É simples entender
isso.
É só olhar a forma como são tratados professores das
universidades, servidores das mesmas universidades e trabalhadores de um modo
geral. Ou como é gerida a economia dentro do receituário do FMI e do Banco
Mundial.
Como são feitas as alianças políticas.
Um partido descaracterizado e que passado o período
eleitoral, qualquer que seja o resultado, vai se ver de frente com um monstro
falido, mas montado no poder da mídia de mercado e das bombas que se fizerem
necessária, (embora o controle das forças armadas brasileiras pelos EUA seja
quase total), a sanha capitalista se voltando para a América Latina e a
continuidade da política de golpes de estado como aconteceu em Honduras e agora
no Paraguai.
Somos um País cercado, sem força e segundo um dos nossos
generais, sem munição para mais de uma hora de guerra. Estava se referindo a
uma realidade que o governo tem que começar a pensar. A ocupação de Itaipu.
Militares norte-americanos já se assenhorearam daquele país, do governo
golpista, inclusive em exercício militares conjuntos na tríplice fronteira.
A ação do governo Dilma Roussef no golpe contra o presidente
Fernando Lugo foi ridícula, o chanceler brasileiro é motivo de chacota entre
jornalistas paraguaios e norte-americanos, somos hoje um País menor,
politicamente, do que éramos quando Lula deixou o governo nas mãos de Dilma e
aí, claro, há uma evidente responsabilidade do próprio Lula.
Não mexeu nas estruturas políticas e econômicas brasileiras,
não avançou na reforma agrária, não reverteu as privatizações de setores
estratégicos feitas no governo FHC, apenas colocou um creme chantili sobre um
bolo podre e tocou o governo com políticas sociais que poderiam e podem ser
instrumento de conscientização, mas se transformaram em grande coronel
eleitoral do PT naquilo que Tancredo Neves chamada de “burgos podres”, ou seja
currais eleitorais.
Essas políticas vão agravar a situação dos estados, boa
parte governada por tucanos, vão deixar cidades à míngua em setores essenciais,
pois o peixe que está sendo vendido não existe mais nos rios e mares, faz parte
das espécies extintas na voracidade com o que PT aprendeu a lição do
fisiologismo político.
Não vai ser pescado, é lógico.
Imaginar que o governo vá repensar suas políticas a essa
altura do campeonato é acreditar em contos de fadas. Não tem força para sair da
teia que se meteu nas alianças ao longo dos anos Lula e agora dos anos Dilma.
Jogo da direita faz o PT ao se aliar a forças retrógradas e
predadoras da classe trabalhadora.
O que busca é só poder, deixou longe sua história e pelo
andar da carruagem, o que se observa, é sua militância órfã daquele que um dia
foi chamado de “partido diferente”, no sentido positivo. Hoje é igual a
qualquer dos partidos negativos.
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