7 de fevereiro de 2012

O que esses policiais tinham na cabeça?



Uma das mulheres, supostamente, abusadas sexualmente pelos policiais da Rota, durante a operação de desalojamento dos moradores do Bairro Pinheirinho em São José dos Campos, declarou à reportagem da Folha: "Não sei o que esses policiais tinham na cabeça"
Poderíamos inferir que eles tinham na cabeça alguma das substâncias que foram procurar na casa invadida, se for verdade que na casa havia drogas e traficantes.
Seria uma maneira de tranquilizar ,um pouco nossas almas, diante de um relato brutal e desumano como o narrado no vídeo.
Pensar que seres humanos, como nós, são capazes de submeter outros seres humanos a atos brutais e degradantes como estupro, empalamentos, humilhações físicas, morais e emocionais é de tão difícil aceitação que seria mais reconfortante pensar que esses policiais, se praticaram esses atos, estavam
 sob efeito de alguma substância que os alienou de suas consciências.
Entretanto, não podemos deixar de inferir também, que o que esses policiais tinham na cabeça, ou melhor têm na cabeça é uma convicção, passada a eles por seus comandos em anos de treinamento, de que são os defensores da lei, da ordem, dos bons costumes e que, para garantir eficazmente a vitória do "bem" contra o "mau", podem tudo, até mesmo passar por cima da própria lei, matando, violentando, aterrorizando, enfim torturando seres humanos que, em suas concepções são a parte má e podre da sociedade.
Sentem-se verdadeiros super homens, com super poderes acima da lei divina e humana, se a declaração da mulher, supostamente, torturada durante horas, for verídica
"Eles cutucavam a gente com o cano da 12 e diziam: Vou falar um negócio prá você...Deus faz, a mãe cria e a Rota faz o quê? Fala o que que a Rota faz..., a gente tinha que abaixar a cabeça e falar: A ROTA mata senhor.  Ah! isso mesmo"
"Deus faz, a mãe cria e a Rota mata." Esta é a filosofia  constitutiva da Rota?
O governador declarou que tudo será apurado.
Mas, será que o governador Geraldo Alckimin e o Secretário de Segurança Pública de São Paulo não conheciam o histórico da Rota quando nomearam para comandá-la o tenente coronel Salvador Modesto Madia, que participou do massacre do Carandiru e que declarou no ato de posse, que daria seu toque pessoal na doutrina da corporação?
Que tudo seja rigorosamente apurado, pois vivemos num Estado de Direito onde todos tem o direito de defesa, direito que os jovens torturados não tiveram. Se, depois das investigações essa sórdida história for confirmada, não podemos nos conformar com a prisão e/ou expulsão dos policiais envolvidos nesse ato bárbaro. Devemos exigir o responsabilização de seus superiores hierárquicos na corporação, do Secretário de Segurança Pública de São Paulo e do governador Geraldo Alckimin, que nomeou o comandante da Rota.
Tentando entender a questão colocada pela mulher torturada:" O que esses policiais tinham na cabeça?" , Tudo leva a crer que "o que eles tinham na cabeça" ao praticar essas tortura é o tal "toque pessoal" que o comandante da Rota deu à essa corporação da polícia.
O cachorro perde o pelo mas não perde o vício.




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