No aniversário de 458 anos da cidade de São Paulo, façamos uma reflexão sobre esta cidade que é motivo de orgulho para muitos e de frustração para outros.
Cidade superlativa, onde tudo é grandioso, seus monumentos, suas manifestações, sua riqueza e a pobreza das periferias. Cidade de todas as raças, de todas as cores, de todas as culturas. Cidade da convivência de todas as gentes, brancos de olhos azuis, negros , orientais, índios da América do Sul, mas também, mulatos de olhos azuis, japoneses loiros e brancos de cabelos sarará.
Cidade de todas as tribos: punks, góticos, emos, manos e minas do movimento hip hop, skin heds, carecas do abc. Progressistas, anarquistas, conservadores e “apolíticos”.
Cidade de todas as crenças: católicos progressistas como o caluniado Padre Julio Lancelotti da pastoral dos moradores de rua, católicos carismáticos e seus pop padres cantores, católicos conservadores, evangélicos de mil templos, espíritas kardecistas, orixás do candomblé e pais de santo da umbanda, hare krishnas, budistas, hinduístas, mulçumanos e ateus.
A diversidade cultural de São Paulo, que é a sua grande riqueza, é também seu maior entrave para definirmos a identidade desta cidade e de seus cidadãos,
DE ONDE VIEMOS
Se pensarmos que há pouco menos de um século esta cidade era quase uma aldeia, teremos a dimensão do crescimento meteórico de São Paulo.
Em comemoração ao aniversário de São Paulo no ano de 1932, um artigo publicado na revista “El Intercambio Hispano Brasileño”, revista de publicação mensal da Camara Oficial Española de Comércio e Indústria em São Paulo, podemos ler o seguinte:
“S.Paulo, a cidade dinâmica cujo florescente progresso desconcerta e deslumbra, que se transformou , de pequeno centro de Missões fundado por um ilustre espanhol, o venerado Padre José de Anchieta, em esplendida urbe de trabalho , cidade monumental e artística, onde as chaminés de suas fábricas recortam orgulhosas a sua altiva silhueta (...) o centro industrial mais importante da América do Sul e a capital mais rica da federação .(...)
Com referência à população da capital do estado de São Paulo, o crescimento durante os últimos 10 anos tem sido assombroso A pequena aldeia de São Paulo de Piratininga, fundada no ano de 1554, contava já em 1920 com 579.033 habitantes e em 1928 com 841.226, calculando-se já em finais de 1930 que ultrapasse 1 milhão de habitantes, sendo a segunda cidade do Brasil e a terceira da América do Sul em número de habitantes.” ( El Intercambio Hispano Brasileño- numero 1. janeiro de 1932.)
Se em 1.932, a cidade de São Paulo deslumbrava empresários espanhóis pelo seu progresso e pela “espantosa” cifra de quase 1 milhão de habitantes, podemos afirmar que não é menos espantoso hoje, com seus 11 milhões de habitantes para qualquer estrangeiro que aqui chegue e para nós também.
São Paulo é uma cidade que surpreende a qualquer estrangeiro ou brasileiro de outros estados, que aqui venham a passeio ou para fazer negócios.
Aqui se encontra de tudo, comércio popular na Rua 25 de março e no Braz comércio sofisticado em Shopping Centers de bairros nobres, comidas típicas de todo mundo, peças teatrais abundantes o ano todo, concertos musicais clássicos e populares, bares e casas noturnas para todos os estilos.
Grandes complexos hospitalares modernos e bem equipados, centros de pesquisa de ponta, instituições de ensino reconhecidas, universidades de renome nacional Museus de arte moderna, arte sacra, contemporânea, tem até museu do futebol.
Surpreende também pelos seus congestionamentos monstros nas Marginais Pinheiros e Tietê, pela super lotação no transporte público, pelas históricas enchentes em bairros que ficam próximos de rios com margens deteriorada pela especulação imobiliária e por falta de planejamento urbano.
Um paulistano, dependendo da região da cidade que more, pode passar até 4 horas no deslocamento casa/trabalho, isso também é surpreendente. Há pessoas que nascem e morrem nos bairros da periferia de São Paulo sem nunca ter conhecido a Praça da Sé, a Avenida Paulista ou o metrô, isto também é surpreendente.
Na cidade que agrega os maiores centros médicos e de pesquisa do país, alguns reconhecidos internacionalmente, há pessoas que ainda morrem por falta de assistência médica básica , mulheres de 50 anos que nunca conseguiram fazer uma mamografia. Há um enorme déficit de vagas em creches para as mães que trabalham, em número cada vez maior. Se andarmos pelas ruas dos bairros mais pobres nos deparamos com cartazes, escritos à mão, na porta de barracos e casebres: “ se cuida de crianças” , para suprir a ausência do poder público.
O número de automóveis nas ruas tem crescido assustadoramente, reflexo do bom momento econômico vivido pelo país, já começa a faltar ruas e sobrar carros. O ar, está mais pesado, o tempo de deslocamento de um lugar a outro aumenta a cada dia, e a qualidade do transporte público vem caindo dia a dia, mas São Paulo continua a surpreender todos os dias, às vezes positivamente outras nem tanto.
Uma urbe moderna e vigorosa como esta, com uma diversidade cultural somente encontrada em grandes metrópoles, com a convivência de tantos grupos e de tantas tendências ainda é de um conservadorismo político assustador.
Para onde vamos?
Depende de cada um de nós, que amamos São Paulo, contribuir para a identidade desta grande cidade, ou as identidades das várias São Paulos que existem nesta cidade.
Parabéns São Paulo!
1 comentário
Anônimo
Sim, Kassab está errando feio, como todos os governos do PSDB fazem quando se trata de demandas sociais de excluídos. Por outro lado, partidos emergentes tentam capitalizar politicamente os incidentes, aproveitando para aparecer ao máximo. Trocar porrada com a comitiva do governador no centro de SP é um mico gigante: condena-se a violência mas se apela para a mesma?
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Sim, Kassab está errando feio, como todos os governos do PSDB fazem quando se trata de demandas sociais de excluídos. Por outro lado, partidos emergentes tentam capitalizar politicamente os incidentes, aproveitando para aparecer ao máximo. Trocar porrada com a comitiva do governador no centro de SP é um mico gigante: condena-se a violência mas se apela para a mesma?
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