5 de outubro de 2011

Reitoria da USP retira placa de obra que falava em 'Revolução de 1964'




Segundo USP, nome na placa do monumento em construção estava errado.
Ministra Maria do Rosário afirmou que uso do termo é 'absurdo'.

Ana Carolina MorenoDo G1, em São Paulo
Placa que cita a 'Revolução de 1964' provocou protestos na USP (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)Placa que cita a 'Revolução de 1964' provocou protestos na USP (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Placa que cita a 'Revolução de 1964' provocou protestos na USP (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)Funcionário retirou a placa na tarde desta terça-feira (4)
(Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
A placa de um monumento em construção na Cidade Universitária, em São Paulo, foi retirada após receber protestos da comunidade da Universidade de São Paulo (USP). Ela indicava que, na Praça do Relógio, estava sendo construído um “Monumento em homenagem aos mortos e cassados na Revolução de 1964”.
Em protesto, membros da comunidade uspiana escreveram as palavras "golpe", "ditadura" e "massacre" ao redor do termo "revolução".
Por volta das 13h desta terça-feira (4), funcionários da construtora que realiza a obra foram até o local para retirar a placa. Ela foi guardada atrás dos muros que fecham a construção. Os funcionários não souberam explicar quando uma nova placa seria afixada.
A reitoria da USP afirmou que "houve um erro na confecção da placa". Segundo a assessoria de imprensa, "o nome correto é 'Monumento em Homenagem aos Mortos e Cassados durante o Regime Militar'. Trata-se de um projeto do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV/USP)."
A assessoria de imprensa do núcleo confirmou o erro, que teria acontecido no momento de grafar a placa, e afirmou, em nota, que o projeto tem como objetivo lembrar as vítimas dos "numerosos casos de mortes, tortura, prisões ilegais, cassações e casos de perseguição política a indivíduos" que aconteceram dentro da USP.
A lista dos nomes que irão figurar do memorial, segundo o NEV/USP, será produto da pesquisa em andamento, realizada pelos pesquisadores do núcleo, "a partir de diversos levantamentos prévios". Um deles foi publicado em livro em 2004.
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, considerou "um absurdo" o termo utilizado na placa. "O episódio mostra a importância do projeto Direito à Memória e à Verdade, que demonstra que em 1964 houve um golpe seguido de uma ditadura", diz ela, que lembrou, ainda que o próprio nome da secretaria, que apoia a construção do monumento, foi escrito incorretamento.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, "o nome correto é Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e não Secretaria Especial de Direitos Humanos".

Homenagem
De acordo com informações da construtora, as obras tiveram início em agosto e devem terminar em novembro. O custo total do monumento é de R$ 89.088,13 e a inauguração está prevista para dezembro de 2011.
Os funcionários disseram que o monumento, que fica em frente ao Auditório Camargo Guarneri e a um dos prédios residenciais da Cidade Universitária, será composto de 14 placas de concreto onde estarão inscritos os nomes das pessoas cassadas e mortas durante o regime militar, que durou entre 1964 e 1985.
Canteiro de obras do monumento em homenagem aos mortos no regime militar, na USP (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)Canteiro de obras do monumento que será construído dentro do campus da Cidade Univeristária para lembrar os mortos no regime militar (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)

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