Pouco antes de morrer, aos setenta e três anos, em 14 das calendas de setembro, depois de governar Roma por 44 anos, segundo Suetõnio, Augusto perguntou aos seus amigos: - "lhes parece que representei bem a farsa da vida?" . Depois, acomodado nos braços de sua esposa Lívia, pediu à ela ao se despedir: "Lívia, vive e recorda nossa missão. Adeus!". Augusto, o "maior dos doze césares", "morreu tranquilo, uma morte indolor, como previra", disse Suetônio, "e quarenta soldados da guarda pretoriana o levaram ao local onde seria exposto, como os quarenta jovens de seu sonho fúnebre". Sim, Augusto tinha premonições. Ou seja, era um louco.
Muammar Kadhafi também era louco, embora ninguém sabe se ele tinha esse lado, digamos, mediúnico. Mas ele nem precisava porque, dadas as circunstâncias, qualquer um pôde prever como seria sua morte.. Deixa para o mundo um legado de contradições e ambiguidades (perdoem- me, leitores, se pareço redundante). Talvez no futuro apareça um outro Suetônio para decifrá-lo, porque o que se sabe sobre ele agora está visivelmente conspurcado pela imprensa favorável e contrária.
Mas, como talvez não tenhamos tempo de esperar um novo suetônio pra nos ajudar, fica em todos os cidadãos sensatos do mundo - sim, pra meu espanto ainda existem cidadãos assim no mundo! - que viram a cena da prisão e morte de Kadhafi, essa certeza amarga que Elis Regina e seus amigos João Bosco e Aldir Blanc previram há décadas.
Como diz a poesia; "o tempo vence toda ilusão".
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