Por Alexandre Haubrich, direto da Venezuela.*
Na Revolução Bolivariana em processo na Venezuela, Chavez lidera o povo. E o povo lidera Chavez. Assim caminha a Revolução Bolivariana. Processo socialista de empoderamento popular que se constrói dia a dia na Venezuela.
Com retrocessos, contradições, mas um processo socialista. Uma revolução do povo. Existem duas Caracas (capital): a do pensamento coletivo da Praça Bolivar (principal praça da cidade) e do pensamento individualista de Altamira, o mais forte reduto do anti-chavismo.
Em torno da Praça, imagens de Chávez e Bolívar estão por todos os lados. Em Altamira, suas ausências são sepulcrais.
Em torno da Praça, a política pintada em muros. Uma televisão onde são transmitidos discursos políticos para centenas de pessoas durante todo o dia. Jornais são distribuídos gratuitamente.
Em Altamira, publicidade privada por todos os lados. Residenciais luxuosos, mansões e carros importados.
Em torno da Praça, muita gente. Em Altamira, ninguém andando pelas ruas.
A estrutura da cidade de Caracas é ruim. Bairros mal cuidados, trânsito com regras que ninguém cumpre, lixo nas ruas. Mas conversar com os venezuelanos é perceber imediatamente que sempre foi muito pior.
Os séculos de domínio de elites nacionais e internacionais, sobre uma enorme fatia da população recém começaram a ser revertidos nesta década de governo Chavista.
A percepção geral é de que tudo realmente melhorou. A politização e a mudança cultural em andamento são visíveis facilmente. O carinho por Chávez, a sensação e prática de pertencimento ao processo revolucionário estão criando na Venezuela estão criando o “homem novo e a nova mulher”, que Che Guevara sonhava para toda a América Latina.
As dificuldades
O personalismo de Chavez torna o processo dependente de sua figura. E cria, por vezes, uma aura de santo em torno do presidente, o que afugenta, entre o povo, a crítica ao chavismo. Além disso, tanto em algumas lideranças do governo, como entre a população chavista, existe a cultura ao capitalismo: da disputa, do individualismo, do consumo, que traz consigo, por exemplo, a corrupção em todas as instâncias sociais.
A mudança política em processo carrega junto a mudança cultural. E vice-versa. Mas são mudanças lentas que, volta e meia, tropeçam nas heranças do passado.
A oposição é feita de contradições ainda maiores que as do chavismo. E mesmo que busque unidade, terá dificuldades para alcançá-la verdadeiramente.
A doença de Chavez, se o fragilizou enquanto homem, fortaleceu como líder. Enquanto isso, o governo constrói milhares de moradias populares, fortalece as mídias comunitárias, desenvolve os conselhos comunais, subsidia livros, alfabetiza a população, empodera as organizações, resgata a história venezuelana.
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