Uma Espanha que gela o meu coração (vídeo +)
MadridUma das duas Espanhas
há de congelar seu coração
Antonio Machado
"Lembrar de Miguel Hernandez que desapareceu na escuridão e recordá-lo à plena luz, é um dever da Espanha, um dever de amor. Poucos poetas tão generoso e brilhante como o garotão de Orihuela cuja estátua se erguerá um dia entre os azahares de sua adormecida terra . Miguel não tinha a luz "cenital" do sul como os poetas retilíneos da Andaluzia, mas uma luz da terra, de manhãs pedregosas, luz espessa dos campos despertando. Com esta matéria dura como o ouro, viva como o sangue escreveu sua poesia duradoura. E este foi o homem que naquele momento Espanha desterrou para as sombras! O que devemos fazer agora e sempre é tira-lo de sua prisão mortal, ilumina-lo com a sua coragem e seu martírio, exibi-lo como um exemplo de coração puro! Dar-lhe Luz! Dá-la a golpes de lembranças, a pinceladas de claridade que o revelem, arcanjo de uma glória terrestre que caiu na noite armado com a espada de luz ", escreveu Pablo Neruda em Miguel Hernández .
Mas, parece que, na Península Ibérica há forças que não ainda não acabaram de destilar seu ódio contra o poeta que o franquismo fez morrer na prisão. Na madrugada desta sexta-feira 12 de agosto foi profanado em San Sebastian de los Reyes, norte de Madrid um monumento que homenageia o autor de "Nanas de las cebollas"
Textos emblemáticos do fascismo espanhol como "Vermelhos não" e "Arriba Espanha" foram escritos com suásticas nazistas no monumento, enquanto o rosto do poeta foi coberto com tinta vermelha. Este domingo se iniciava a limpeza do local e a restauração do monumento para deixá-lo como era antes da profanação. Muito vivo deve estar o seu trabalho e suas idéias quando despertam tanto ódio entre os seus inimigos a poesia e a militância comunista que Miguel Hernández soube unir de maneira exemplar.
Trata-se de uma ação bárbara e contra a cultura, cujos autores tem incubados os mesmos germes que nos últimos dias espalhou morte entre os jovens noruegueses . Como um ato de desagravo e demonstração de solidariedade com aqueles que levantaram suas vozes em protesto contra essa vergonha, deixamos aqui o vídeo com os versos que o poeta de Orihuela dedicadou a outro "vermelho", o escritor e combatente internacionalista cubano que tombou em defesa da República espanhola, Pablo de la Torriente Brau , musicado pelo trovador Silvio Rodríguez .
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