“Reino de terror” da imprensa está no fim, diz Correa
Da Redação do Sul 21
O “reino de terror” instaurado pela imprensa equatoriana está perto do fim. Assim o presidente do Equador, Rafael Correa, qualificou sua vitória pessoal na Justiça contra o jornal El Universo, de Guayaquil. “Estou lutando pela verdade e para acabar com o reino de terror mantido pela imprensa corrupta”, disse o presidente. Os diretores do jornal anunciaram que irão recorrer da decisão.
A Justiça do Equador decretou nesta quarta-feira (20) três anos de prisão para diretores do diário El Universo e seu editor de opinião Emilio Palacio. O processo movido por Correa, por calúnia e difamação, pode resultar também no pagamento US$ 40 milhões em indenizações.
Correa foi à Justiça em março devido a uma coluna na qual Palacio assegurava que, durante o levante policial de 30 de setembro de 2010, o presidente teria ordenado “fogo à vontade e sem prévio aviso contra um hospital cheio de civis e gente inocente”.
“Espero que a sociedade reaja com este exemplo e lute contra os meios de comunicação que abusam de poder midiático que cometem injúrias e calúnias”, afirmou Correa. O presidente equatoriano disse que não ficará com o dinheiro da ação, que será doado para uma instituição. “Que o jornal pague o que tem que pagar e eu saberei a que destino enviarei esse dinheiro que não me interessa um centavo”, disse Correa.
Edição de luto
A edição on line do jornal nesta quinta-feira foi publicada toda em preto e branco. Na capa, o jornal publica uma citação da filósofa Ayn Rand: “Quando reparar que a corrupção é recompensada e a honradez se converte em um autosacrifício, então poderá afirmar, sem medo de se equivocar, que sua sociedade está condenada”.
Os proprietários do jornal, os irmãos César e Nicolás Pérez, já anunciaram que vão recorrer da sentença. Em comunicado, o diário qualificou o caso como “um atropelo contra o princípio universal da liberdade de expressão”. O editor de opinião, que pediu demissão do jornal, convocou os equatorianos a uma manifestação em favor da liberdade de imprensa. “A imprensa independente lutou até onde pôde. Agora chegou a hora de os cidadãos, unidos, se mobilizarem nas ruas”, escreveu Palacio em sua conta no Twitter. Já o presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Gonzalo Marroquín, qualificou a decisão do juiz de um “grave golpe aos mais essenciais princípios da liberdade de informação”.
A empresa critica o juiz substituto Juan Paredes, que em menos de 24 horas após o início da audiência de conciliação entre as partes decidiu em favor do presidente. O jornal havia oferecido um espaço para que Correa publicasse um artigo, mas a proposta não foi aceita pelo presidente.
“Já basta que alguém, por ter dinheiro para comprar uma imprensa neste país, ilegitimamente se ponha de ator político, queira conspirar, destabilizar o doverno e insultar todos os dias o presidente”, disparou Correa.
Crise política
Paralelamente ao processo judicial movido contra o jornal, Correa também vive mais um momento de crise com a oposição.Como havia feito em 2010, ele voltou a afirmar nesta semana que pode dissolver a Assembleia Nacional se a oposição seguir boicotando as mudanças que foram aprovadas no referendo popular realizado em maio. A consulta aprovou a transformação do sistema judicial do país.
A oposição tem acusado Correa de chantagem ao propor essa possibilidade. Conforme a ministra de coordenação política, Doris Soliz, esse mecanismo, pelo contrário, tentará transpor o obstáculo colocado pela oposição. “É fundamental que o povo equatoriano tenha dimensão que enquanto o governo, o presidente Correa e as forças progressistas estão tentando impulsionar as mudanças, há uma série de manobras de velhas práticas políticas, de truques, que pretendem colocar obstáculos nesse processo”, afirmou Soliz.
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De tanto ir o cântaro à fonte, um dia ele se quebra.
Reino do terror, é uma frase apropriada para parte da imprensa latinoamericana.
Exemplos na Venezuela, no Equador, na Argentina e no Brasil, de jornais , revistas e redes de televisão que fazem o papel de oposição (e tentam dar golpes de estado) a governos eleitos democraticamente são abundantes.
Se acostumaram a ser os donos da "opinião pública" ( ou publicada), durante séculos.
Parece que as coisas começaram a mudar nos países vizinhos.
Esperemos que o crime cometido pela revista Veja, no último final de semana seja o estopim que desencadeará a moralização da "imprensa golpista" brasileira.
A sociedade brasileira tem o direito de ser informada com liberdade, mas também com respeito ética e responsabilidade dos orgãos de imprensa.
Que os ventos de lá se voltem para cá!
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