Recentemente fomos surpreendidos com notícias como estas:
Nove crianças, entre elas sete meninas e dois meninos, com idades entre 6 e 12 anos, suspeitas de participar da gangue que aterroriza comerciantes na Vila Mariana, na zona sul de são Paulo, foram presas na manhã deste sábado.
Segundo o tenente da Polícia Militar, Bruno Ratti, o grupo entrou em uma loja de perfumes, na altura do número 1.200 da Avenida Domingos de Morais, na zona sul, intimidando a dona, que conseguiu acionar a PM. Os menores fugiram e foram apreendidos no mesmo quarteirão. As crianças estão na 16ºDP, à disposição do Conselho Tutelar.
Na última quarta-feira, 4, um grupo de meninas que tentava assaltar uma idosa nas imediações da Estação Chácara Klabin do Metrô, foi preso. A suspeita é de que elas também sejam do mesmo grupo. As meninas se reúnem na parte externa da Estação Ana Rosa, de onde saem em grupo atacando lojas e pedestres na Avenida Domingos de Morais
http://www.dgabc.com.br/News/5904859/nove-criancas-pertencentes-a-gangue-sao-apreendidas.aspx
Na tarde de segunda-feira (22), um bando de crianças entre sete e 13 anos invadiu um hotel em São Paulo. Foi o começo de dez horas de baderna, confusão e destruição.
Ao lado, assista a matéria e a entrevista com o promotor da Infância e Juventude, Thales Cézar de Oliveira.
Entretanto, para professores da rede pública paulista, cenas de destruição, violência, desrespeito ao próximo e até agressões físicas a colegas e professores não é novidade.
A cidade de São Paulo convive há décadas com a chamada “Cracolândia”, numa boa. Fica incomodada apenas quando esses seres humanos, esquecidos por todos, saem do “gueto” e incomodam com suas presenças feias, mal cheirosas e atrevidas. Como ocorre todas as vezes que a administração pública resolve fazer uma “varredura” nas imediações da cracolândia, com batidas policiais e jatos de água lançados sobre esses infelizes. Daí , os frequentadores da cracolândia se espalham pelos bairros próximos e começam a ser vistos e sentidos pelos moradores, que se escandalizam com o cenário de degradação humana.
Os moradores de Higienópolis tremem com a possibilidade de que esta “gente diferenciada” passe a morar e frequentar as imediações da futura estação de Metrô Higienópolis.
Porém, professores da rede pública municipal e estadual de São Paulo, convivem diariamente com a degradação humana , a violência, a falta de perspectiva de futuro de crianças que foram geradas, e estão crescendo, num ambiente onde é comum o uso de crack.
Conversando com uma professora da rede municipal de São Paulo, a propósito da cena dantesca onde crianças entre 6 e 12 anos destruíram a sala do Conselho Tutelar de Vila Mariana, ela me relatou que não fica mais surpreendida com notícias como essa.
“A rotina de uma escola pública que está a poucos metros de uma favela (prestes a ser desalojada para a construção de um viaduto) é tentar sobreviver a cenas como a que vimos recentemente na imprensa.”
“Recentemente, um professor foi agredido por um aluno, tendo o nariz quebrado com a porta batida em sua cara, por um aluno de 15 anos.”
“A direção da escola achou melhor afastar o professor para uma função burocrática, junto a um orgão administrativo da Secretaria de Educação, do que enfrentar o problema.”
“Todos temem por suas vidas, pois quando professores convocam alguns pais para tentar resolver problemas de indisciplina de alunos, sentem-se desesperados, abandonados e assustados”
“Muitos desses alunos, mais violentos ou indisciplinados são filhos de pais usuários de crack” , ou de traficantes que se impõem nessas comunidades pela força bruta e pelas ameaças.
Essas notícias sobre crianças que cometem assaltos e tem comportamentos violentos, são chocantes, assustadoras e deveriam nos fazer refletir sobre o que a nossa sociedade está fazendo com o futuro desta cidade e deste país.
Décadas de descaso e indiferença com o drama vivido por usuários de crack parece que está começando a passar a fatura para toda a sociedade.
Enquanto as cenas de violência extrema aconteciam apenas dentro das escolas públicas, não causavam muita comoção social, afinal as Secretarias de Educação e os secretários da vez, sabem como impedir que casos de violência vazem para a imprensa e os professores “sobrevivem” como declarou a professora.
Crianças violentadas dentro de suas casas, convivendo com a brutalidade e o abandono de pais que estão alienados da realidade pelo uso do crack não poderiam ter outro comportamento que não fosse violento.
Não podemos afirmar que todas as crianças que tem comportamentos violentos, o tem por esse motivo, mas temos que levar em conta o desabafo dessa professora:
“Essas crianças perdidas são filhas do crack”.
1 comentário
é até difícil comentar. preferem a ladainha do medo e da repressao, da omissao e da repressao, da ausência e da repressao. largam a criançada nessa condiçao sem volta. optam pelo medo. é incompreensível.
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