1 de agosto de 2011

O "PRESIDENTE" NÉLSON JOBIM

O “PRESIDENTE” NÉLSON JOBIM


Laerte Braga


A Bélgica tem 30 382 quilômetros quadrados e é formada por flamengos que falam holandês e valões que falam francês. Uma pequena parcela da população fala alemão. Começa a enfrentar o problema do separatismo.

Um estudo das Nações Unidas na década de 70 trata de futuros conflitos territoriais na América Latina e aponta o Brasil, particularmente a Amazônia, como alvo da cobiça internacional.

Anos mais tarde o então vice-presidente dos EUA Al Gore – governo Clinton – afirma que o Brasil não pode pretender a Amazônia para si, que aquela região é comum a toda a humanidade.

Os norte-americanos hoje pretendem também o controle da chamada Tríplice Fronteira e o pretexto é o de sempre. Drogas e presença de terroristas.

Têm amplo apoio nas Forças Armadas brasileiras. Nos quartéis e nas academias militares ainda vigora a convicção que o golpe de 1964 foi um movimento para “salvar” o Brasil do “perigo comunista”. As instruções continuam sendo antes de se deitar cada um deve olhar embaixo da cama se um comunista não está à espreita, hoje a expressão usada é terrorista se for muçulmano, atirador se for norueguês de olhos azuis e louro.

O “presidente” de fato do Brasil Nélson Jobim já deu mostras de sobra que manda e desmanda, põe e dispõe e se dá ao luxo de chamar de “idiota” os que o cercam. Vale para a presidente Dilma Roussef e para o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva que o nomeou.

Jobim foi ministro da Justiça de FHC, indicado para o STF – Supremo Tribunal Federal – com o objetivo de anular as resistências ao processo de privatização de empresas públicas brasileiras – VALE, EMBRAER, serviços de telefonia, energia, etc – e ao tomar posse, sem qualquer respeito pela história da Corte se declarou “líder do governo neste tribunal”. Matou a independência entre os poderes.

Tempos depois confessaria de público que antes da promulgação da Carta Magna de 1988, ele e outros mudaram o texto aprovado pelo Congresso Nacional Constituinte, com objetivos de tornar viável – opinião dele – o documento.

Jobim esteve envolvido em denúncias de nepotismo no governo FHC, um polpudo cargo para sua mulher.

Quando da crise que envolveu o ministro ao rotular de “idiotas” muitos que o cercam (falou isso no aniversário de FHC), nem o PT e nem partido algum assumiu a autoria, digamos assim, de sua nomeação para o Ministério da Defesa.

Ou é ministro dele mesmo, ou é ministro imposto pelas Forças Armadas que tutelam o governo – até por dispositivos constitucionais como manutenção da ordem interna, eufemismo para golpes se for o caso – e obrigaram Lula a equilibrismos e malabarismos para sobreviver, como transformam o governo Dilma numa nau sem rumo.

A barbárie da ditadura militar continua escondida a sete chaves no covarde abrigo da Lei da Anistia. Anistia de torturadores.

Temos uma presidente constitucional, de direito e um presidente de fato, Nélson Jobim. Enquanto permanecer no cargo assim o será. A autoridade de Dilma sumiu nas duas declarações de Jobim. A dos “idiotas” e a do voto em José Serra.

Cerca de 30 quilômetros de fronteira do Brasil já foram abertos à Colômbia para operações conjuntas de combate ao tráfico de drogas, o que inclui agentes norte-americanos, militares norte-americanos, sem falar que o governo colombiano é originalmente ligado ao tráfico, produto dos grandes cartéis produtores de drogas.

Israel controla hoje a indústria bélica do Brasil. O terror sionista se faz cada vez mais presente em nosso País.

Há estreitas ligações entre o latifúndio brasileiro e o tráfico de drogas, como o controle de grandes extensões de terra em nosso País por estrangeiros, na esteira do comando exercido pela MONSANTO e outras no tal do agronegócio.

A histeria de determinados setores do governo e aliados, ou mesmo militantes, vai se tornando cada vez mais ensandecida na tentativa de defender o indefensável, o governo Dilma (o poste que Lula elegeu e a luz não acende) e criando um velho esquema comum à política. O patrulhamento.

Mistura alho com bugalhos e entende que todas as críticas feitas ao “presidente” Nélson Jobim, ou a Dilma Roussef têm o mesmo viés que as produzidas pela mídia privada podre e venal no Brasil.

Um país com as dimensões continentais do Brasil e uma realidade de dissolução do capitalismo (Bil Gates tem mais dinheiro em caixa hoje que o governo dos EUA), a presença suspeita de Nélson Jobim no Ministério (documentos do WIKILEAKS revelam que Jobim passava informações ao embaixador norte-americano no governo Lula), sinalizam que mais cedo que se imaginava o estudo das Nações Unidas sobre possíveis conflitos separatistas no Brasil viriam a ser estimulados no futuro.

Há uma diferença abissal entre ser potência mundial dentro da lógica capitalista no mundo da nova ordem, a globalização e ser potência soberana, senhora dos seus destinos e caminhos.

Não somos soberanos, a despeito de Lula ter inventado (expressão perfeita de Ivan Pinheiro) o “capitalismo a brasileira”. Como na China (comunismo de fancaria, ditadura cruel e sanguinária, desenvolvimento sustentado com trabalho escravo), mesmo em meio à crise dos EUA vamos sendo engolidos por grandes bancos e corporações no desespero de salvar anéis e dedos.

É a dimensão da crise inclusive que os torna perigosos e cada vez mais gananciosos.

Somos hoje um País governado por banqueiros (45% da receita orçamentária em juros), latifundiários e grandes corporações. O governo não consegue sequer que a FIFA e a CBF (quadrilhas que controlam o futebol) distribua credenciais à própria mídia privada, tal o domínio que uma empresa só exerce no setor.

Dilma é um embuste a despeito de esforços para tentar tomar as rédeas do poder. Embuste à medida que não tem nem idéia de onde começa o norte e para onde vai o sul.

Não há conivência com a grande mídia privada nas críticas ao governo. Há o exercício democrático de não ter a pretensão da verdade absoluta e a ditadura de partidos corroídos por grupos majoritários que atuam como empresas ou “consultorias” (que o diga o PC do B, que o diga o ex-ministro Palocci).

Criticar Dilma e o “presidente” Nélson Jobim não significa estar fazendo o jogo da direita ou dos tucanos. Jobim é direita e é tucano.

Há dias atrás o ministro do STF Gilmar Mendes começou a articular nomes para o eventuais substituições na Corte (aposentadorias, demissões, o que seja), buscando recompor as forças mais boçais desse País no controle do Judiciário. Um dos objetivos é evitar que Lula possa ser candidato em 2014. Querem fixar um tempo limite de oito anos para que alguém possa exercer a presidência. Não se contentam em dominar o governo Dilma, ou terem conseguido arrancar concessões de Lula. Querem o poder.

Um acordo entre o STJ – Superior Tribunal de Justiça – e o Banco Mundial garante, por exemplo, que numa ação comum e corriqueira contra danos causados por uma empresa, bancos principalmente a qualquer mortal comum, as indenizações sejam mínimas, ou não sejam.

Nélson Jobim, ainda no STF, tentou excluir o sistema financeiro do Código de Defesa do Consumidor. Ou seja, dar aos bancos poder absoluto de lesar como já o fazem em qualquer lugar do mundo a quem entre em qualquer agência de qualquer banco.

A histeria na defesa de Jobim partida de setores tidos como de esquerda mostram como o poder corrói, como a cegueira se torna uma epidemia cercada de pretensões e visões alucinadas de um tipo de esquizofrenia política.

É claro que o futuro do Brasil é construído no dia a dia de cada um de nós. Cada vez mais somos escravos de um simulacro de democracia. Vivemos a sociedade do espetáculo, somos a mercadoria principal do capital, submetidos a formas de escravidão geradas pela nova Idade Média, a da tecnologia.

Como diz um cidadão/trabalhador nos EUA, no documentário de Michael Moore sobre o capitalismo, “a gente acreditava que poderia alcançar a cenoura”. Nem o burro e nem a cenoura.

Dilma Roussef é só uma transição para a volta do tucanato. Sumiu com a “herança maldita” e introduziu a “estabilidade econômica” de FHC (venda do patrimônio público brasileiro).

Não há diferença entre ela e José Serra, mesmo porque quem segura o leme é Nélson Jobim e quem dita as ordens são banqueiros, latifundiários, grandes corporações, com aval do embaixador dos EUA nos convescotes de final de semana com o ministro e o apresentador da GLOBO (preferido de Hilary Clinton) William Waack.

O Brasil está à mercê da insânia do “meu Deus me acuda” e das velhas formas de patrulhamento ideológico, como se Lula, ou Dilma, ou o PT tivessem inventado a esquerda.

A eventual permanência de Jobim mostra que a democracia no Brasil é brincadeira a ludibriar e enganar o cidadão comum.

É só lembrar da foto do ministro fardado visitando as tropas que massacram o Haiti e os haitianos. Dá uma idéia exata de quem seja Nélson Jobim, ou sintetiza toda a malignidade de um ministro que não tem nada a ver com o Brasil e com os brasileiros.

No documentário do extraordinário Sílvio Tendler sobre agrotóxico, o veneno que nos é servido, cabe, tranquilamente, a figura repulsiva do ministro Nélson Jobim, um Roberto Jeferson que usa garfo e faca e sabe que a roda já foi inventada. É o veneno que mata o futuro.

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