Acabo de receber a informação, de uma fonte que trabalha na TV Globo: a ordem da direção da emissora é partir para cima de Celso Amorim, novo ministro da Defesa.
O jornalista, com quem conversei há pouco por telefone, estava indignado: “é cada vez mais desanimador fazer jornalismo aqui”. Disse-me que a orientação é muito clara: os pauteiros devem buscar entrevistados – para o JN, Jornal da Globo e Bom dia Brasil – que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar “turbulência” no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha.
Trata-se do velho jornalismo praticado na gestão de Ali Kamel: as “reportagens” devem comprovar as teses que partem da direção.
Foi assim em 2005, quando Kamel queria provar que o “Mensalão” era “o maior escândalo da história republicana”. Quem, a exemplo do então comentarista Franklin Martins, dizia que o “mensalão” era algo a ser provado foi riscado do mapa. Franklin acabou demitido no início de 2006, pouco antes de a campanha eleitoral começar.
No episódio dos “aloprados” e do delegado Bruno, em 2006, foi a mesma coisa. Quem, a exemplo desse escrevinhador e de outros colegas na redação da Globo em São Paulo, ousou questionar (“ok, vamos cobrir a história dos aloprados, mas seria interessante mostrar ao público o outro lado – afinal, o que havia contra Serra no tal dossiê que os aloprados queriam comprar dos Vedoin?”) foi colocado na geladeira. Pior que isso: Ali Kamel e os amigos dele queriam que os jornalistas aderissem a um abaixo-assinado escrito pela direção da emissora, para “defender” a cobertura eleitoral feita pela Globo. Esse escrevinhador, Azenha e o editor Marco Aurélio (que hoje mantem o blog “Doladodelá”) recusamo-nos a assinar. O resultado: demissão.
leia na íntegra aqui
No sábado 6 de agosto, no Jornal Nacional foi lido resumidamente os "princípios editoriais das Organizações Globo"
se tiver coragem leia a íntegra aqui
O blog do Chico fez uma análise interessante relacionando os dois eventos: o texto de Rodrigo Vianna e o laçamento em rede nacional da declaração de "princípios editorias da Globo" leia aqui
A Rede Globo é campeã de audiência, isso é inquestionável, no jornalismo e nas telenovelas.
Tem feito nos últimos 30 anos o papel de difusora de hábitos, modas, gírias, valores sociais e políticos.
Alguém põem em dúvida o papel decisivo que a Globo desempenhou na eleição de Fernando Collor de Mello?
Lembro-me do depoimento de uma colega de faculdade que foi para a Amazônia, fazer pesquisa de campo, numa tribo indigena considerada, à época, relativamente preservada culturalmente:
Nos anos 80, era voz corrente que nas segundas feiras, em escritórios, bancos, escolas, supermercados etc., os temas mais comentados eram os que o Fantástico tinha apresentado no Domingo. E, eram discutidos como verdades absolutas: "é assim mesmo, deu no Fantástico" era uma frase muito ouvida.
Ainda é precoce, ou temerário, afirmar que a divulgação dos "Princípios editoriais das Organizções Globo", sejam uma reação , ou defesa antecipada, à denúncia feita pelo blogueiro, ex- global Rodrigo Vianna, pois como afirma a própria Globo em sua carta :
"...A crise só será mais bem entendida, porém, e jamais totalmente, anos depois, quando trabalhada por historiadores, com o estudo de documentos inacessíveis no momento em que ela surgiu."
Mas como as novelas da Rede Globo tem, ainda, o poder de criar cultura, como no caso das índias com as meias da personagem de Dancing Days, e há vários registros de capítulos de novelas que entre um beijo e outro passam, através de seus personagens, críticas a políticos e a políticas sociais, principalmente na administração do PT, vamos ficar atentos ao destino do blogueiro Kléber da novela "Insensato Coração", isso nos dará algumas pistas sobre a relação do texto do escrevinhador com súbita postura "ética e isenta" do jornalismo global.
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