10 de julho de 2011

E O FHC? O SÉRGIO CABRAL? O COLLOR? O SARNEy?

E O FCH? O SÉRGIO CABRAL? O COLLOR? O SARNEY?


Laerte Braga


Eu não votaria em José Dirceu para sindico de prédio. Mas recordo-me de uma frase de um deputado baiano do PFL à época da CPI do Mensalão. José Carlos Aleluia, o nome do deputado. Ao inquirir o ex-ministro chefe do Gabinete Civil, Aleluia afirmou o seguinte – “eu o conheço há anos e não creio que o senhor tenha tirado proveito próprio de verbas públicas, posto dinheiro público em seu bolso”.

Não conheço os autos do processo do Mensalão. O que não significa que não tenha existido e que não exista em vários níveis. O ex-governador José Roberto Arruda, de Brasília, foi pego com a boca na botija num esquema semelhante. A corrupção no governo Sérgio Cabral no Rio de Janeiro é a luz do dia, escancarada.

O ex-procurador geral da República Geraldo Brindeiro sentou em cima de todos os inquéritos que apontavam escândalos no governo de Fernando Henrique (de longe o pior de todos, o mais cínico, o mais repulsivo) e principalmente o inquérito que apresentou provas públicas (houve cassação de um ou dois mandatos de deputados que venderam os votos) sobre a compra de votos para o golpe branco da reeleição.

Está lá até hoje sem que haja denúncia do Ministério Público, da Procuradoria Geral da República.

E FHC impune em todos os escândalos das privatizações criminosas feitas em seu governo. Jobim, que hoje é ministro de Dilma como foi de Lula deu um jeito.

Uma CPI da Corrupção no governo Sarney, da qual a figura principal foi o então senador Itamar Franco, mostrou o descalabro que foi o mandato presidencial do atual presidente do Senado. E essa prática permanece nos estados do Maranhão e do Amapá, se estenderam à família. Sarney posa de avalista da democracia, da república, tenta impedir a divulgação dos documentos sobre tortura e violência no regime militar, pois está comprometido com esse esquema até a medula do bigode pintado.

Sobre Collor então. O ex-presidente foi impedido por decisão do Congresso Nacional, debaixo de pressão da opinião pública, depois que entendeu que o dinheiro público era dele e de Paulo César Faria, mais tarde assassinado no clássica limpeza de trilho, cala a boca.

Nos últimos dias surgiram revelações impressionantes sobre a corrupção no governo de Sérgio Cabral. Ligações com empresários em troca de favores (contratos de obras e serviços no Estado), favorecimento ao pilantra Luciano Huck para investimentos em área ambiental através do escritório da agora ex-mulher de Cabral. Cada trem mais escabroso que outro e nada, exceto um pedido de apuração dos fatos feito pelo deputado estadual Marcelo Freixo, mas que esbarra na maioria de deputados corruptos que forma a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.

O pedido de condenação dos acusados do Mensalão feito pelo procurador geral da República pode até estar respaldado em provas e se essas existirem os réus, lógico, devem ser condenados. Roberto Jeferson, por exemplo, é réu confesso. Abriu a boca quando viu que não conseguiria extorquir mais.

Mas e o resto? Sarney vai ficar impune? Ele e sua família? Collor de Mello, FHC, Sérgio Cabral? O que dizer das ligações da filha de José Serra com o banqueiro Daniel Dantas e do papel de Gilmar Mendes beneficiando a esse banqueiro com dois habeas corpus em menos de uma hora e depois forjando, em cumplicidade com a revista VEJA (imprensa marrom, tipo aquele tablóide fechado na Grã Bretanha), uma gravação que nunca existiu em seu gabinete?

Como ficam esses caras? Gilmar Mendes é um dos que vai julgar o processo do mensalão. Deveria ser réu num monte de outros processos, o País inteiro sabe disso.

A ministra Ellen Gracie, em 2002,.decidiu uma querela no STF que os filhos do seu primeiro casamento eram interessados diretos em direitos futuros de herança e quando questionada sobre a sua suspeição rejeitou qualquer preliminar sobre o fato. Mas não pensou duas vezes em comprar com dinheiro público uma banheira de hidro-massagem para o seu apartamento funcional com verba pública, segundo ela, algo indispensável para um melhor conforto e melhores condições para exercício da magistratura.

Devia explicar isso para a juíza que revogou a Lei Áurea mantendo trabalho escravo e beneficiando uma empresa, em Brasília mesmo.

O importante a observar é que nada disso é corrupção em si, só corrupção. É conseqüência do modelo político e econômico brasileiro. Com todas as letras do capitalismo selvagem que se pratica aqui. Barões paulistas comandando o País, escolhidos a dedo pela corte em Wall Street e Washington, com caldos de barões do latifúndio (ainda são mantidos à distância, pois mordem e não há vacina que evite a morte. Uma mordida de Kátia Abreu mata em cinco segundos).

Banqueiros e grandes empresários. Onde há corrupção há o corruptor.

Como ficam Sérgio Cabral e sua ex-mulher no caso do favorecimento ao pilantra Luciano Huck? Ou FHC na compra de votos para reeleição? Os contratos firmados pelo governo do estado do Rio com Eike Batista?

Toda a sorte de trapaças que é implícita ao modelo, faz parte do cerne do modelo. É inerente a ele. O capitalismo não sobrevive sem corrupção, sem violência, sem barbárie.

O jornal O GLOBO estampou manchete sobre o pedido do procurador. Mas não diz uma linha sobre a corrupção de Cabral, ou a vergonha que foi o processo de privatizações no governo FHC. É simples, tanto o jornal, como a rede de tevê estão no bolso dos caras, têm interesse direto nos “negócios”.

Os políticos petistas envolvidos no escândalo, nesse e outros provocados pelas alianças com partidos padrão PR (o que vende casas no céu) pagam o preço não da ingenuidade, mas da capitulação diante dessa gente. Quem aos porcos se mistura, farelo come, é um ditado antigo.

O que existe é isso, um centro irradiador de doenças políticas e econômicas e tentáculos, todos envolvidos em grossa corrupção, que é conseqüência.

É óbvio, onde existe corrupto existe corruptor. Pouco importa que seja o esquema FIESP/DASLU, é o modelo.

A falta de transparência, de participação popular. De mecanismos de liberdade real de imprensa e não monopólio de quadrilhas que controlam o setor.

O cidadão comum e o último a saber e quando sabe o sabe pela voz dos próprios bandidos. Ou seja, via JORNAL NACIONAL, JORNAL DA NOITE, FOLHA DE SÃO PUALO, VEJA, ÉPOCA, etc.

Quando o filho de um dos diretores da RBS –REDE BRASIL SUL – que controla a mídia na região sul do País e é parte da GLOBO, estuprou uma menor em sua residência o silêncio foi total. Absoluto.

E aí? Sarney, Collor, FHC, Cabral, Paulo Hartung, bandidos de maior ou menor quilate vão ficar impunes? Aécio, Alckimin, Serra, Jereissati?

O problema é que o PT por seus dirigentes e o próprio Lula e agora Dilma se misturaram ao esquema, pagam o preço do equilibrismo diante de mafiosos muito mais espertos que eles.

E esse esquema é podre, o institucional no Brasil está falido. Até a Lei Áurea foi revogada.

2 comentários

Anônimo

Durante quase cinco anos Luis Gushiken foi apontado como desonesto, mebro de uma suposta quadriha no intitulado mensalão do PT. Ele o Silvinho que ficou conhecido como Silvinho Landrover. Gushiken perdeu o ministério, a imagem e sua honra foi jogada na lama. Agora, o Procurador Geral, chefe do ministério público, afirma não ter encontrado provas e nem mesmo indícios que pudessem incriminar os dois. E retirou-os da denúncia. Agora, uma (ou várias) perguntas que gritam para serem ouvidas: quem devolverá as reputações de Gushiken e Silvinho? Quem compensará o dano feito às suas vidas? O que farão a imprensa, a polícia, o Ministério Público para reparar esse erro monstruoso e que não é o primeiro? Parece criminoso o que foi feito. Culpou-se antes de apurar denúncias. Penalizaram-se de uma forma monstruosa pessoas que tinham uma vida pela frente. Mancharam definitivamente suas reputações diante dos próprios filhos, dos amigos, conhecidos. A que constrangimentos foram submetidas os filhos dos dois na escola, perante os amigos? Com base em que fizeram isso? Em denunciantes irresponsáveis como no caso do Distrito Federal onde um delator com várias condenações na justiça e 40 processos por improbidade e um por pedofilia contra os próprios filhos menores de 10 anos, serviu de base para um vendaval que levou à cadeia um governador em pleno exercício do cargos, deputados...
O governador que passou a ser execrado porque filmado recebendo uma "propina"como se falou na época. Na verdade, não era o governador. A gravação, como já está provado era de 2005 quando Arruda ainda era précandidato. E não de 2009 como tentaram passar para a opinião pública do Brasil inteiro. E mais, aquele valor foi devidamente declarado perante a Justiça Eleitoral na prestação de contas do depois candidato, José Roberto Arruda. Prestação de contas aprovada por aquela corte.
O que se asiste é um linchamento de um personagem da política brasileira sem lhe ser dada a menor chance de defesa na mídia. Vamos assistir a mais essa barbaridade? Como pode alguém com tamanha ficha servir de informante no processo movido contra Arruda? Merece crédito? É em gente assim que as nossas instituições se baseiam?

Anônimo

O governador ganha o equivalente a sua função, não vejo nada de errado.... Ele tem seus problemas pessoais como todo mundo, mas apesar de tudo ele faz sim um bom governo.