Cooperativas saúdam Aldo e exaltam equilíbrio do Código Florestal
Ao relatar o Código Florestal brasileiro, recém-aprovado na Câmara Federal e em tramitação no Senado, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) soube guiar-se pelo “equilíbrio” e pelo “comprometimento com a sociedade”. É o que aponta o chamado sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), um dos segmentos que mais colaboraram na elaboração do texto-base do novo Código.
Por André Cintra, no Grabois.org
“O que o Aldo fez – e ele é o primeiro a admitir isso – não foi o relatório ideal, mas foi o relatório possível de ser votado e aprovado. Mesmo assim, ele conseguiu manter o país soberano, com segurança alimentar e o mínimo de respeito ao produtor rural”, afirma Júlio Gushiken, gerente de relações institucionais da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo).O Código relatado por Aldo foi aprovado na Câmara em 24 de maio com 410 votos a favor e apenas 63 contrários. Às vésperas da votação, a OCB divulgou nota sobre as razões de seu apoio à matéria. Segundo o texto, é preciso “aprofundar a revisão de diversos pontos da legislação ambiental”, sobretudo as partes de leis “dissociadas da realidade”. Nesse sentido, a OCB aponta que “as alterações propostas são avanços”, já que “a busca pelo desenvolvimento sustentável é um compromisso que integra o cooperativismo”.
“É diante deste cenário, e por acreditar que o trabalho desenvolvido por Aldo Rebelo caminha para o equilíbrio entre produção e preservação, que a OCB o apoia”, sustenta a nota. A entidade também elogia o relator do Código “por seu empenho em conciliar a preservação do meio ambiente e a produção agropecuária nacional, e mais, por seu comprometimento com a sociedade brasileira”.
De trabalhador a fora-da-lei
Júlio Gushiken vai além. O representante da Ocesp, braço estadual do sistema OCB, sublinha a disposição de Aldo para debater o tema. “Nossa admiração pelo deputado só aumentou desde que começaram os trabalhos da Comissão Especial do Código Florestal”, atesta Gushiken.
A exemplo de Aldo, o cooperativismo concorda que o Código Florestal de 1965, originalmente avançado, recebeu tantos remendos jurídicos que ganhou um caráter errático e essencialmente repressor. O Brasil é um caso único de país em que, quanto mais se tentou “aperfeiçoar” a legislação ambiental, mais se criminalizou a atividade agropecuária, transformando a imensa maioria dos pequenos agricultores brasileiros em fora-da-lei.
“Se fosse aplicado à risca no país, esse antigo Código inviabilizaria a agricultura paulista e brasileira. Teríamos de pegar a quase totalidade dos agricultores cooperados e levá-los para as penitenciárias. Eles seriam todos criminosos”, critica Gushiken. Não é por acaso que corrigir os desvios da legislação, levar segurança jurídica ao campo e descriminalizar a produção foram alguns dos objetivos do novo Código Florestal.
“O Aldo não estava atrás de holofotes. Ele queria conhecer mesmo quem tem terra não só no papel – mas também debaixo da unha. O resultado é um relatório que prima não por um ou outro ponto – mas pelo conjunto da obra”, acrescenta Gushiken. Só em nome da Comissão Especial, Aldo Rebelo coordenou 12 reuniões deliberativas e 38 audiências públicas, em 21 cidades de 16 estados.
Mas, para conhecer e discutir a nova legislação ambiental, o relator do Código não se limitou à agenda da comissão. “Quando fomos apresentar nossas ideias ao Aldo e ouvi-lo, sugerimos que ele fosse às cooperativas de São Paulo – e ele nunca se furtou a andar mais 50, 60 ou 70 quilômetros para falar com 20, 30 produtores rurais cooperados”, conta o gerente da Ocesp.
De acordo com Gushiken, “às vezes, eram cidades realmente fora de mão, não atingidas por voos – mas só por estradas vicinais. O Aldo tinha de ir seguindo alguém, porque nem no GPS havia o caminho para essas cooperativas ou propriedades rurais.”
Foi assim que o deputado ganhou uma aliada de peso. Com 960 cooperativas registradas e mais de 3 milhões de cooperados, a Ocesp representa todos os ramos do cooperativismo em São Paulo. Nesse diálogo, Aldo conheceu melhor o setor num estado pujante, com 40 milhões de habitantes e 645 municípios.
Em São Paulo, responsável por 31% do PIB nacional, a agropecuária se destaca pela diversidade. “As cooperativas vão desde a plantação de grãos e hortifrutigranjeiros até as maiores produções de cana e etanol – passando pelo trigo lá no Oeste de São Paulo, o café na região de Franca, flores em Holambra, frutas, o milho... Não existe nenhuma cultura no estado que não passe pelas cooperativas”, assinala o representante da Ocesp.
Em 30 de junho, Gushiken participou de uma homenagem a Aldo, em São Paulo, durante o seminário “Novo Código Florestal – Significado e Desafios da Conquista Brasileira”. No mesmo dia, a OCB acompanhou o início dos debates sobre o Código no Senado. A batalha pela nova legislação ambiental mudou de palco, mas o cooperativismo mantém-se engajado na luta.
do vermelho.org
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