Coisa mais triste é renegar suas origens. Quem se esquece de onde veio, dificilmente sabe para onde vai.
Qual é a origem desse povo paulistano?
De onde vieram?
O sobrenome Ferreira, da psicóloga que usou o termo “politicamente correto” gente diferenciada para se referir ao povo que usa o Metrô de São Paulo é de origem portuguesa.
Quem eram os portuguêses que vieram para São Paulo dar sua contribuição para a construção desta cidade?
Gente diferenciada,com toda a certeza.
A figura do português de camiseta regata, com o lápis atrás da orelha e tamancos de madeira,atrás do balcão da quitanda faz parte do imaginário popular de uma das correntes imigratórias que formaram este caldeirão de cultura que é a cidade de São Paulo.
Não eram da elite portuguesa quando saíram de seu país e muito menos da elite paulistana quando aqui chegaram.
Uma das características marcantes da cidade de São Paulo é essa mistura de povos: europeos, asiáticos, árabes, judeus e brasileiros de todas as regiões que vieram para esta cidade atrás de oportunidade de trabalho e ascensão social que seus países e regiões de origem não lhe proporcionavam.
Eram todos “gente diferenciada” à época das grandes migrações.
Portugueses quitandeiros, japoneses pasteleiros, espanhóis ferro velho, italianos operários, árabes mascates, judeus pequenos comerciantes de armarinhos, nordestinos serventes de pedreiros, etc.
Todos, à época das grandes migrações foram discriminados, e rotulados por suas características mais marcantes, pela aristocracia cafeeira e pelos “paulistas quatrocentões” ( que também foram um dia gente diferenciada), criando os estereótipos que definiam cada grupo de imigrantes ou migrantes.
A identidade da cidade de São Paulo é essa falta de uma identidade hegemônica, aí reside sua maior riqueza e seu maior entrave.
São Paulo é diversa em ofertas culturais e o visitante pode sentir-se aqui como se estivesse em qualquer cidade do mundo, isto é positivo.
São Paulo é também, de difícil definição política,os partido políticos sabem disso,firmar-se politicamente nesta cidade é uma batalha imensa, pois não é fácil construir um discurso que sensibilize a todos.
Por sua história, pela formação de seu povo e pela origem de cada paulistano é espantoso que um cidadão desta cidade se refira aos trabalhadores que se utilizam do Metrô como “gente diferenciada”,é renegar sua origem, é envergonhar-se de seus antepassados.
Lula, o brasileiro nordestino e migrante mais ilustre deste país, sempre afirmou em seus discurso ter orgulho de sua origem e nunca se esqueceu de onde veio, por isso sabia muito bem o que queria fazer deste país.
Essa elite que torce o nariz para pobres e quer uma distância higiênica do povão, não aceita suas raízes, se envergonha de seu passado e (muitos) querem partilhar de um banquete para o qual não foram e nem serão convidados, pois debaixo da roupa de grife, que pagam parceladas com seus cartões de crédito, ainda está o português de camiseta regata, lápis atrás da orelha e tamancos de madeira.
Gente diferenciada é o trabalho e indiferenciada o capital, ou seja, a questão maior ainda é a velha luta de classes.
1 comentário
Será o caso para tanto drama?
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