Dei apenas uma primeira leitura nos documentos que o jornalista Amaury de Souza entregou à imprensa.
Não se trata de documentos sigilosos, nem obtidos por meios fraudulentos.
São escrituras públicas, firmadas em cartório.
Nelas, a Fundação Petros, ente de seguridade social da Petrobras, alimentada com dinheiro da empresa e dos trabalhadores, vende os dois subsolos, o térreo a sobreloja e todos os andares, do 2º ao 13º do prédio da Rua Sete de Setembro, nº54, no Centro do Rio de Janeiro, a duas empresas, a Consultatum S/ CLtda. e a Planefim, Serviços, Assessoria, Planejamento e Participações S/C Ltda., ambas representadas por um só procurador, Ronaldo Santos, e vizinhas de porta, ocupando os conjuntos 111 e 112 do prédio da Alameda Santos, 2441.
Depois, por outras escrituras públicas , ficamos sabendo que a Planefim pertence ao sr. Ricardo Sérgio Oliveira (foto) e a sua mulher, Elisabeth Salgueiro de Oliveira e que a Consultatum, de propriedade de Ronaldo Santos, dá ao casal Ricardo Sérgio/Elisabeth Salgueiro um procuração plenipotenciaária para gerir o imóvel comprado à Petros.
Tudo em julho de 1999.
Em pleno Governo Fernando Henrique Cardoso.
Na ocasião, ele era diretor de Relações internacionais do Banco do Brasil.
Dele, dizia a revista Veja:
“Gosta de fumar charutos Romeo y Julieta, a fina flor da produção cubana, joga tênis e já foi visto num restaurante em Nova York, onde possui um apartamento, servindo-se de uma garrafa de vinho de 5.000 dólares. Fala inglês e francês com fluência. Casado há 26 anos, sem filhos, ele também gosta de cultivar amizades influentes. Entrou para o círculo dos tucanos pelas mãos do ministro Clóvis Carvalho, da Casa Civil, acabou indicado para o cargo pelo ministro José Serra, da Saúde, e tornou-se o único diretor do Banco do Brasil com quem o presidente Fernando Henrique Cardoso faz contatos ocasionais.”
Como este homem conseguiu fazer negócios assim com o fundo de pensão da Petrobras ? Ouçamos a própria e insuspeita Veja:
“A intimidade de Ricardo Sérgio de Oliveira com os fundos começou assim que chegou ao governo, mas até agora não se sabia que os fundos estavam cruzando com negócios dos seus sócios. Sua atuação ficou mais clara na privatização da Telebrás, quando ajudou a formar o consórcio Telemar. A venda foi um abacaxi, pois o consórcio não tinha dinheiro para pagar a entrada, e deixou a impressão de que a atuação do diretor do banco teria irritado o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros. Puro engano. Oliveira formou o consórcio a pedido do próprio governo, que queria pôr mais concorrentes no leilão com o legítimo interesse de subir o preço. Na semana passada, Oliveira e Mendonça foram vistos almoçando no restaurante Laurent, em São Paulo, e deram gostosas gargalhadas de uma notinha de jornal. “Não convidem para a mesma mesa Mendonça de Barros e Ricardo Sérgio”, dizia a notinha. Amigos, eles se conheceram há uns trinta anos, atuando no mercado financeiro, origem de ambos. “Eu não vou ficar irritado com um amigo meu”, diz o ministro. “Mas quem é amigo dele mesmo é o Serra e o Clóvis.”
Não li uma linha sobre estes documentos, entregues a toda a imprensa, até agora.
Deve ser porque vivemos num país onde a mídia é controlada, não é?
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