6 de outubro de 2010

A força das redes sociais nas eleições:Twitter/Facebook/Orkut



Uma boa reflexão sobre a vedete destas eleições.
Vamos ler com muita atenção e aprender alguma coisa para o segundo turno.



via Rioblogprog

A Tsunami Digital do 1º Turno

Não acabou e até o final de outubro muitos bits vão rolar pelas
Conexões 3G, iPhones e computadores.

Mas já temos respostas para algumas das perguntas que nos fizemos
desde que Obama venceu nos EUA e ficamos imaginando qual seria a
importância da comunicação digital nas Eleições 2010, no Brasil.

Faço aqui um recorte bem específico, usando como exemplo o Twitter.
Jogo o foco para o desdobramento do que aconteceu a partir do último
debate e vou até o resultado que levou a disputa para o 2º turno
apoiado na performance da candidata Marina Silva (@silva_marina, seu
nome no Twitter).

E já arrisco uma resposta: a internet, especialmente as mídias
sociais, tiveram sim, uma parcela de responsabilidade no resultado
final da campanha.

O “sprint” de Marina Silva no apagar das luzes do 1º turno teve muito
do ambiente digital.

A parte quantitativa (*) dessa afirmação é relativamente fácil. A
qualitativa é mais delicada pois nem todos os fatores são controlados
e é necessário tempo para analisar.

Sabemos que esta reta final foi tão surpreendente que mesmo os
experientes institutos de pesquisa tiveram problemas em acertar. Mas
temos achados importantes nas redes sociais. O fato é que a temida,
por um lado, e desejada, por outro, onda verde, chegou a tempo pelas
redes sociais.

Entre os dias 30 de setembro (dia do último modorrento debate entre os
presidenciáveis na Rede Globo) e o dia 04/10, 8 horas da manhã, o
Twitter funcionou não como onda, mas praticamente como uma tsunami
digital verde a favor de Marina Silva.

Ou a favor do segundo turno, como queiram.

Os Tweets (posts do Twitter que citam @silva_marina) foram “exibidos”
79.369.950 vezes no microblog nesse período.

Essa audiência foi criada por 6,7 milhões de pessoas através de uma
frenética postagem de 150 mil mensagens escritas, originalmente, por
74 mil usuários com perfis ali registrados.

Para se ter idéia dessa capacidade de exposição e debate digital
(lembrem que estamos falando de pouco mais de 3 dias de dados) o
candidato José Serra, do PSDB (@joseserra_ no Twitter), é o que vem
logo a seguir com um pouquinho mais do que a metade : 40.875.484
impressões, alcançando 5,6 milhões de pessoas através de 52.788 tweets
escritos por 31 mil “tuiteiros”.

A candidata do PT, Dilma Rousseff, vem em seguida com 19.304.199
exibições de mensagens com seu nome, que alcançaram 3,8 milhões de
pessoas através de 23 mil tweets escritos por 12 mil pessoas.

Para entender esses números além do seu valor absoluto, é preciso
considerar que houve – como é praxe no ambiente das redes sociais – um
enorme “empréstimo” de credibilidade dos “tuiteiros” para os
candidatos de sua preferência.

É uma combinação de número de seguidores (audiência própria) com
capacidade de influência (número de vezes que os seguidores desses
influenciadores consideram uma informação importante e assim a
“retuitam” - reproduzem - para sua audiência própria e dessa maneira,
seguidamente, em ondas multiplicadoras).

E aqui a gente tem outro pilar que é preciso compreender: quem foram
esses influenciadores com tanta capacidade de atuar nesse recorte de 4
dias do Twitter?

No caso de Marina tivemos uma combinação de mídia online do próprio
perfil da candidata (muito forte), com celebridades como Bruno
Gagliasso (@bgagliasso), Danilo Gentili (@danilogentili) e @nerdfeliz.
Eles fizeram posts com uso das hashtags #ondaverde e #marina43 .
Adicionalmente, direcionaram mensagens para os jovens, chamando-os a
aderir à candidata verde.

José Serra (@joseserra_) mostrou força da militância em se mobilizar
no digital na hora da definição do 1º. turno. Os perfis que mais
contribuíram para sua exposição foram @rede45, Sabrina Sato
(@sabrinasatoreal) e Luciano Huck (@huckluciano).

Huck, em especial, contribuiu com grande exposição positiva para o
candidato ao tecer comentários sobre a “ofensiva” de comunicação
digital importante da campanha de Serra, já no último dia: a
realização de uma Twitcam no início da noite, quando toda a campanha
já havia sido suspensa nas mídias tradicionais.

José Serra falou pela câmera no Twitter, por mais de 1 hora, com cerca
de 10 mil pessoas (números innformado pela Rede Mobiliza durante o
evento). Elas o ouviram e fizeram perguntas.

Huck tuitou sobre a entrevista on line e isso gerou enorme
repercussão. O que ele postou: Gosto dos canditados dando importância
ao twitter...soube que hj as 19h tem twitcam com @joseserra_
http://www.livestream.com/redemobiliza

Logo depois Huck ainda fez outro post dizendo que estava feliz por ver
José Serra usando o Twitter dessa forma pois tinha sido ele (Huck) uma
das pessoas que o incentivaram a fazê-lo.

Só com isto ele catapultou a imagem de @joseserra_ para mais de 2.4
milhões de impressões.

No caso de Dilma a influência de seus apoiadores foi pulverizada por
vários perfis. Destaque para @ProfMariaRachel, o militante
@blogdilma2010 e @mercadante.

A destacar também a capacidade de multiplicação do Hugo Chavez,
presidente da Venezuela. O tweet dele (@chavezcandanga) é um dos que
mais produziram exposição para a candidata do PT.

Mas ela teve um problema importante: os 3 perfis que mais contribuíram
para sua exposição o fizeram com posts neutros ou negativos. Foi o
caso de @huckluciano (neutro), @alanbez, @LeiSecaRJ e @luiefs
(negativos).

Foram perfis que geraram muita exposição para @dilmabr mas não eram
apoiadores. Ou seja, na verdade não entram na conta da candidata e sim
na dos seus concorrentes. Juntos, eles representam quase 3 milhões de
impressões negativas.

O @Rede45 (apoiador de José Serra) também teve muita influência
negativa entre os multiplicadores do nome @dilmabr.

Luciano Huck (o perfil brasileiro com maior numero de seguidores,
2.420.942 perfis) teve influência direta na audiência dos 3 candidatos
no Twitter, ainda que por motivos diferentes.

No caso de Marina e de Dilma ele teve uma “participação neutra” pois o
post que deu muita exposição ao nome delas não era uma convocação. Ele
apenas mencionava sua percepção sobre o resultado do debate do dia
30/09. Ele postou: No nosso datatwitter....o @joseserra_ foi muito
bem. @silva_marina e @dilmabr proporcionais. E o Plinio ganhou fãs +
rebeldes. Boa noite.

No caso de José Serra a influência foi mais qualitativa, como já
mencionado antes.

Há uma “contaminação” importante que vale para Serra e Marina: o que
publicaram os perfis dos meios de comunicação no Twitter.

Destaque disparado para o @G1 (o perfil de notícias da Globo.com).
Quando escreveu sobre Marina Silva o G1 produziu 3,447,261 exibições.
No caso de Serra foram 2,28 milhões.

Dilma não teve esse adicional. Entre os 50 maiores influenciadores da
sua exposição no Twitter não aparece nenhum meio de comunicação.

Obviamente esta não é uma análise que pretende fechar diagnóstico.
Antes, é apenas um olhar focado sobre as interações dos eleitores –
engajados ou não – no contexto das eleições em um momento bem
específico.

Mas escolhemos o Twitter porque, inegavelmente, foi a rede foco desta
campanha até agora. É dele que saem muitas pautas até para o off line.
É por onde são feitas conexões para blogs, You Tube, Facebook e Orkut.
É a rede mais visada da campanha.

Além disso, foi adotado rapidamente pelos principais jornalistas e
formadores de opinião do Brasil. E há o incontestável: nos últimos 4
dias houve uma grande mobilização nas redes sociais como até então não
tinha acontecido na campanha. Isso contribuiu, certamente, no quadro
geral, principalmente para a performance de Marina Silva no 1º Turno.

Agora é acompanhar para ver como as redes sociais entram na campanha
no 2o. turno. Com esses acontecimentos, acredito que vamos ter boas
surpresas.



Risoletta Miranda é jornalista, tem MBA em Marketing e é diretora
executiva da FSB PR Digital (área digital da FSB Comunicações)

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