5 de julho de 2010

O BRASIL NA COPA – DUNGA E A MÍDIA




Laerte Braga


O que levou a seleção brasileira a transformar um belo primeiro tempo contra a Holanda numa tragédia futebolística no segundo tempo e ser eliminada, terá sido apenas a gota d’água de um processo que começou na briga do técnico Dunga com a REDE GLOBO e seus privilégios em relação ao restante da imprensa esportiva.

Dunga saiu do Brasil já agastado com as críticas a não convocação de Ronaldinho Gaúcho, de Paulo Henrique Ganso e um ou outro atleta, como as críticas feitas à chamada do goleiro Doni, reserva na Roma.

É preciso peito para peitar a GLOBO e Dunga teve. Não precisava ter estendido a trombada que deu na rede a toda a crônica esportiva, a todo o jornalismo esportivo. Sabia que ao proibir a entrada de Fátima Bernardes na concentração estava colocando sua cabeça na guilhotina e que naquele momento Ricardo Teixeira não iria demiti-lo. Teixeira é tudo menos burro.

Existem episódios, no entanto, que precisam ser vistos para que se possa ter um todo do processo.

Há uma disputa entre a GLOBO e a RECORDE pelos direitos de transmissão com exclusividade da Copa do Mundo. Vem de longe e recentemente a RECORDE conseguiu desbancar a GLOBO das Olimpíadas.

Nem RECORDE e nem GLOBO são flor que se cheire, pelo contrário, exalam odor podre de corrupção. São organizações cancerosas na mídia brasileira, agem em função de interesses que não têm nada a ver com os propósitos e objetivos da comunicação numa sociedade democrática.

Os Marinhos são bandidos tanto quanto Edir Macedo.

A forma encontrada pela RECORDE para infernizar a vida da GLOBO na Copa foi a presença de jogadores e do assistente técnico Jorginho evangélicos. Ao futebol acrescentaram a “religião” como instrumento para tentar desbancar a concorrente.

Se Fátima Bernardes não tinha acesso à concentração, um tal pastor Anselmo era figura carimbada no reduto dos brasileiros e sua tarefa, além de “invocar a proteção divina”, era “sensibilizar” jogadores não evangélicos para a “salvação”. Com direito a cachê.

Com isso e para isso contou com atletas como Robinho, Cacá, o assistente técnico Jorginho, a mulher de Cacá do lado de fora convocando multidões a rezar pelo jogador numa exploração barata e comercial da fé, enfim, acrescentando ao futebol um ingrediente que nada tem a ver com futebol.

A primeira reclamação veio antes do primeiro jogo do Brasil. Houve jogadores que foram se queixar a Dunga do assédio do pastor Anselmo e de jogadores outros evangélicos.

Organizações neopentecostais tentaram de todas as formas possíveis mudar a determinação da FIFA que proíbe exibição de símbolos ou frase religiosos em comemorações de gols. De qualquer profissão de fé, exatamente para impedir uma outra forma de racismo, digamos assim, o racismo religioso.

O fundamentalismo religioso, no caso, com um ingrediente a mais, a corrupção neopentecostal da imensa e esmagadora maioria de pastores e seitas bandidas.

No sábado a mulher de Cacá, pastora, estava num show de uma cantora e depois esticou até a quadra da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro.

Direito legítimo dela, desde que a condenação a essa forma pagã de vida, como dizem, valha inclusive para pastores e pastoras.

E se pensarmos bem, deixa de ser fundamentalismo religioso e passa a ser vigarice.

O xis da questão não esta só em enfrentar o poder e o monopólio da GLOBO, ou achar que a RECORDE superando a GLOBO vá modificar alguma coisa. São farinha do mesmo saco, quadrilhas em briga e disputa por um mercado de prestação de serviços a grupos políticos, econômicos internacionais de olho no Brasil.

Se a GLOBO anestesia com o JORNAL NACIONAL, novelas, BBB, a RECORDE o faz com “cultos” montados em efeitos especiais vergonhosos de vigarice explícita naquele negócio de quem dá mais por uma casa no céu e a vida eterna repleta de glórias.

O que é necessário e redesenhar o modelo de comunicação no País, falo de televisão.

Por trás de toda essa disputa Dunga acaba sendo uma vítima com consciência do papel a que se presta, até pela natureza do seu temperamento, por falta de consciência da luta que se trava entre gigantes podres da comunicação.

Peitou a GLOBO, tudo bem. Louvável. Mas permitir-se ser usado numa guerra entre GLOBO e RECORDE, mero instrumento de notórios bandidos, acabou por transformar a pretensa independência em triste papel de laranja de meia dúzia de espertalhões.

Fé não se discute, é questão de consciência e direito legítimo de cada um. Mas o uso da fé como instrumento de alienação, de trapaças, de corrupção plena, isso é outra coisa, do contrário Bento XVI não seria tão pilantra como Edir Macedo, ou qualquer membro da família Marinho, ou prepostos como William Bonner, pois variam apenas no fato de um entender o que significado de garfo e faca, outro não e vai por aí afora.

Continua tendo razão Marx quando afirma que “a religião é ópio do povo”, não a fé, mas a religião. Se presta a que sionistas achem que são superiores por decisão divina. A golpes e vigarices de Edir Macedo e as várias seitas como a que Cacá pertence a iludir (entre eles o próprio Cacá), milhões de pessoas, transforma-se em instrumento de dominação ao contrário do que afirmam, de libertação.

Como dizia Glauber Rocha, é preciso entender que “somos o País da macumba” e isso tem um significado sem tamanho. Ou somos o que de fato e historicamente somos, ou seremos apenas gado nas mãos dessa gente. Somos maiores que essas limitações religiosas absurdas e bandidas no caso das seitas neopentecostais (a maioria, toda regra tem exceção, mas aí é mínima, mínima da mínima).

Gente padrão pastor Anselmo, tem um monte deles aí vendendo salvação. A GLOBO também, uma forma de salvação diversa, pois o “deus” dela é o Mercado, a sede é em Washington. Macedo, como qualquer bandido de segunda categoria preferiu Miami. É onde estão as máfias cubanas, as dos refugiados.

Dunga se enrolou nessa e sua coragem de peitar a GLOBO acabou se transformando-o em laranja da concorrente da GLOBO.

São quadrilhas, são iguais.

Na copa de 2014, a persistir esse tipo de briga, sugiro meio Maracanã para neopentecostais e meio Maracanã para carismáticos. O futebol fica de fora .Besteira, para que?

E vão dizer que a culpa é do Irã, ou da Venezuela.

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