Dias atrás, coloquei a frase-título acima no twitter e a difundi em outras redes sociais, mas sem explicar exatamente o que quero dizer com isso.
Hoje, a atuação da mídia independente, cuja maior força e origem está nos blogs, que, especialmente após 2005 e o aprofundamento da tentativa de golpe branco da grande mídia naquele ano, tornaram-se verdadeiros guardiões da democracia, ao clamar pela verdade e atuar inicialmente fiscalizando os erros da Imprensa, disseminando a "outra opinião" oculta pela grande mídia, para depois tornarem-se paulatinamente geradores de conteúdo também.
Hoje, a expressão da mídia independente e progressista já é consolidada e reconhecida por boa parte da sociedade. Muitas pessoas circulam nos seus e-mails reportagens e postagens surgidas na mídia independente, muitos nomes que atuam por aqui possuem credibilidade muito superior à mídia tradicional.
Porém, há ainda grande preconceito que pode ser notado especialmente no bloqueio de acesso na maioria das empresas: é possível se ler reportagens nos portais da grande mídia, mas não no seu blog preferido. Os RSS quebram um galho, permitem a você dar uma volta e acessar o twitter (caso seja liberado) faz você ficar minimamente inteirado, mas, enfim, os blogs são tratados como algo "nocivo" pelas empresas.
Esse hábito que milhares de pessoas Brasil afora, a maioria não sendo jornalistas, de criar conteúdo alternativo, criticar a grande mídia e fiscalizar não apenas a grande imprensa como várias outras funções, uma imensa variedade de expressões e opiniões, sobre todos os tema é, de fato, uma expressão cultural de grande valia para nossa sociedade. Precisa ser reconhecida como tal, e valorizada, incentivada.
A circulação de conhecimento e conteúdo que ocorre por milhares e milhares de pessoas que voluntariamente dedicam parte de seu tempo e capacidade intelectual para compartilhar informação, idéias e opiniões deve sim ter seu reconhecimento e espaço garantido.
Sobretudo, essa enxurrada de conteúdo que voluntariamente circula pela rede diariamente deve ter seu devido reconhecimento proposto ao Ministério da Cultura, inclusive na formulação de novas iniciativas (já ocorreram premiações para blogs tanto de iniciativa de dentro da internet e até um edital do próprio Ministério da Cultura, mas, acredito, que há um grande hiato no incentivo na participação de empresas na geração desse conteúdo) e na estruturação de boas iniciativas que já se consolidaram de maneira voluntária. O próprio Ministério da Cultura deveria disseminar incentivos para geração de conteúdo independente em multimídia, com a promoção de editais os mais variados, incentivando a participação de internautas e premiando as melhores e mais qualificadas idéias.
Ter o reconhecimento como patrimônio cultural e pilar da democracia no Brasil (e claro, da defesa da democracia mundo afora) significa que, além de deixar de ser tratado como um "gueto", gerará conteúdos com perfil cada vez mais profissionalizado e de credibilidade mais consolidada, além da própria profissionalização de geradores de conteúdo, e a entrada definitiva do apoio de empresas (não diretamente, o que pode gerar conflito de interesses, mas também através de prêmios de qualidade, injetando recursos para quem merece ter o esforço premiado e transformado em algo mais profissional e competitivo), através das leis de incentivo cultural existentes.
Acredito que no Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas, que ocorrerá de 20 a 22 de agosto próximo em Brasília, este seja um dos temas em pauta, a importância do reconhecimento oficial, das empresas e da sociedade da importância da atuação independente e da "outra opinião" no Brasil, que é fundamental para a radicalização da democracia e da transparência, da aceleração da descentralização do poder dos grandes grupos de comunicação.
Sérgio Telles
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Ilustração:AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
PressAA
Agência Assaz Atroz
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