19 de abril de 2010

O TRUNFO DE DILMA ROUSSEFF.

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Tenho lido muita coisa à respeito das eleições presidenciais que se aproximam.

Cultivo o hábito de ler todas as tendências para poder visualizar pontos de vista mais abrangentes, com menos paixão e mais análise. Isso me leva a fundamentar um raciocínio baseado na observação do comportamento histórico destas tendências; suas ações, seus objetivos e seus métodos.

Sigo, regularmente, as opiniões de César Maia (DEM) e Álvaro Dias (PSDB), fiéis representantes da oposição brasileira; acompanho as colunas dos "jornalistas" mais comprometidos com os interesses de seus patrões. Só não leio a Veja, porquê não me considero idiota!

Entretanto, é seguindo os blogs de esquerda que encontro mais chiadeira e menos ação. Muitos, alguns dos mais conhecidos, reclamam da falta de posicionamento das principais lideranças do Partido dos Trabalhadores, e, até, do próprio Presidente Luis Inácio.

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Entendo, como blogueiro independente, que quem se dispõe a discorrer sobre temas politicos assinando seu próprio nome, deve ter em mente que está sendo apenas um comentarista, nada mais, e não pode esperar interferir no processo de modo efetivo, mas apenas como formador de opinião, se assim conseguir. Não podemos, os blogueiros de esquerda, inferir no erro de achar que temos mais poder que o Rei!

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Minhas análises, à partir desta postagem, tomarão como base a postura adotada pelo PT em relação às sinalizações que a oposição está oferecendo, desde já, auxiliada por seu braço midiático, sem deixar de acusar aqueles que considero os mais comprometidos com interesses inconfessáveis.

Percebi, nas últimas semanas, o inicio dos ataques da imprensa ao projeto do Partido dos Trabalhadores e já escrevi sobre isso. Leia aqui DATAFOLHA: farsa ou estrategia? onde identifico possiveis razões para tão prematuras ações eleitoreiras da imprensa mais comprometida do planeta.

A reação da situação foi nula. Nenhuma manifestação pública que demonstrasse divergência ou repulsa à ofensiva da oposição. Isso fez crescer ainda mais a grita da esquerda em relação às mentiras jogadas nas TVs e jornais de grande circulação.

Os lances politicos sempre são orientados pela reação do eleitor. Quem já foi candidato sabe que uma palavra errada, um gesto, um olhar mal interpretado, pode levar à derrota. A direita sabe que o marketing politico está baseado na percepção do eleitor, em como ele "vê" seu candidato preferido, ou como ele escolhe seu voto de acordo a suas conveniências. Não vimos - nem veremos - os candidatos da oposição falarem mal de Lula; não seriam loucos de contrariar um simbolo tão popular como ele. Falam do Partido dos Trabalhadores, mas não ousam atacar os partidos aliados, pois com eles serão montados palanques oposicionistas em várias cidades do Brasil.

A estratégia da oposição é firmar o nome de José Serra como melhor preparado, mais experiente e menos radical que sua principal opositora, Dilma Rousseff. Para isso, desde já, estão a campo plantando a base da campanha eleitoral.

Pois bem.

Se a oposição sabe, a situação também sabe. Talvez saiba ainda melhor, por ter sido oposição durante décadas inteiras. Esta é a razão de não contra-atacar os abusos difamatórios e ordinários que a midia está tentando plantar. Além do mais, quem reclama da falta de ação de Lula o está desqualificando como politico, talvez um dos mais inteligentes e estrategistas que tenham surgido na História do Brasil.

Para mim, fica clara a posição do PT e de suas lideranças: não entrar no jogo que estão querendo jogar; esperar pelo momento mais oportuno para expor sua candidata com mais eficiência - no horário gratuito - e seguir na estratégia de não responder aos ataques que a oposição, pelas mãos da midia, está sugerindo.

Entendo que este posicionamento "estático" do Partido dos Trabalhadores é calculado, baseado nos fatos concretos que a sociedade está sentindo. Poucas pessoas se interessam, neste momento, pelas eleições. A não ser os mais politizados, o restante da população não dá a menor bola para o que está acontecendo. É fato! Basta conversar com quem não tem candidato definido para saber que a imensa maioria está desinformada. E este é o caminho que Dilma parece estar seguindo: não impor uma agenda antes da hora, como quer a oposição.

Ademais, a candidatura PT tem um trunfo terrivelmente forte, que assusta a oposição e os obriga a precipitar a campanha: o desenvolvimento econômico e social do Brasil !

Alguns números ilustram bem minha tese. A eles:

- A renda per capita no Brasil cresce a ritmo superior a 5% ao ano. Entre os 10% mais pobre, cresce a 15,4% enquanto que entre os mais ricos, cresce a 3,7%;

- Quase 50% da população está na classe C, que cresceu 35% nos últimos 8 anos.

- A diminuição acelerada da pobreza retirou mais de 20 milhões de pessoas da miséria durante o governo Lula;

- 84% dos que ascenderam socialmente foi através da renda do trabalho ( 67%) e do Bolsa Familia (17%)

- Desde 2003 foram criados mais de 12 milhões de empregos formais;

- Em 2003, um salário mínimo comprava apenas uma cesta básica. Hoje, compra 2,2;

- Nunca se concedeu tanto - e de tão fácil acesso - crédito para micro empresas e pessoas fisicas de baixa renda para compra de imóveis e bens duráveis.

Todos estes indicadores são comprovadamente veridicos e se referem à melhoria de condições de vida das classes mais pobres. A maioria dos eleitores são pobres e, de alguma forma, foram beneficiados pelas politicas sociais deste governo. É relevante imaginar que se sintam mais satisfeitos do que antes, e isso será dito no TV em horário nobre. É a tal polarização da campanha que Lula disse tantas vezes.

Posso até compreender a indignação de muitos diante da falta de ações do governo frente às manobras da direita. Eu mesmo já tive a tentação de chiar a esse respeito, de reclamar e exigir uma rede de rádio e TV com Lula descendo o cacete nas Globos, Folhas, Estadões, etc. Acredito que até dirigentes do PT já quiseram fazer isso também. Mas, felizmente, não tomaram a atitude intempestiva de reagir no momento errado, como querem as Globos, Folhas, Estadões, etc.

O Partido dos Trabalhadores está a ponto de eleger a sucessora de Lula e manter o projeto de desenvolvimento com distribuição de renda por mais, pelo menos, 4 anos. Não temos o direito de interferir ou achar que sabemos mais que os atores politicos do governo. Se a oposição tem pesquisas (reais) de intenção, sabe que mais de 54% do povo ainda não sabe em quem votar. E um enorme percentual não sabe quem é o candidato da preferência de Lula. Porisso, provoca. Se o governo tem estas pesquisas - e as tem! - não vai precipitar um debate antes da hora.

Com inteligência e, sobretudo, paciência, lutaremos com muita dureza para manter o Brasil no caminho certo.

Se antes lutávamos apenas ancorados na ideologia, agora temos realizações concretas para mostrar a diferença.

Até a vitória!

3 comentários

La Pasionaria

concordo plenamente com toda esta análise.
temos que deixar de ter ejaculação precoce.
quem tem que criar um factóide por dia é a oposição, pois caso contrário morrerá de inanição.

O PT no momento certo, tem o que mostrar e mostrará, não tenho a menor duvida.

JÚLIO

Gostei da associação ... é bem isso, ejaculação precoce!

Fátima

Excelente análise. Parabéns