"Lula cria a Bolsa-Circo
Lula ajudou a dar o pão, ao ampliar (corretamente, diga-se), o Bolsa-Família. Agora, na reta final de seu governo, está querendo dar o circo, batizado de Vale-Cultura. É um risco de desperdício de bilhões que só explica pelo clima de eleições para agradar trabalhadores, artistas e empresários. No final, quem paga quase toda a conta é o contribuinte.
O empresário terá abatimento de imposto ao dar o Vale-Cultura para seus trabalhadores que, por sua vez, pagam a menor parte; o governo, ou seja, o contribuinte entra com o resto. É absolutamente previsível que o dinheiro público, tão escasso num país pobre e deseducado, vai acabar patrocinando shows e eventos populares, mas sem conteúdo educativo.
Participo da experiência batizada de Catraca Livre (www.catracalivre.com.br), um banco de dados sobre o que existe de graça ou a preço popular na cidade de São Paulo. É gigantesco o número de ofertas culturais de alta qualidade, mas com baixa frequência dos mais pobres o que já é um monumental desperdício.
Não é elitismo querer que dinheiro público não patrocine espetáculos de shows de música funk, sertaneja ou pagode. Ou que vá para autores de livros de autoajuda ou filmes de violência. Assim como obviamente, não tem nada de errado que as pessoas se divirtam como quiserem. E não temos nada a ver com isso.
Considero, sim, importantíssimo aumentar o repertório cultural do brasileiro.
O desperdício está no fato de que, se é para gastar esse valor, muito melhor seria deixá-lo nas mãos dos estudantes de escolas públicas, capacitadas a fazer a ponte entre a cultura e o currículo. Educação ficaria mais interessante e se formariam, de fato, plateias." Folha de São Paulo. hoje 27/07/2009.
Mal foi lançado o projeto de lei que propõem o Vale-Cultura e a prevísivel mídia hegêmonica, na sua cruzada por desqualificar o governo Lula, despeja em nossos ouvidos e olhos seu proselitismo, travestido de isenção e iteresse pelo bem comum.
Não dou os créditos ao texto acima, pois não tenho certeza se é o editorial da Folha de São Paulo de hoje 27 de julho. Tentei acessar a Folha On Line, mas as matérias de hoje estão disponíveis apenas para assinantes. Como deixei de assinar a Folha há algum tempo, pois meu dinheiro não é capim para ficar alimentando asnos, apenas suponho que o texto seja parte do editorial da Folha ou artigo de um dos asninhos teleguiados pelo patrão.
Sem mais análises, pois o texto é claro em suas inteções de desqualificar a iniciativa do governo federal para democratizar o acesso a cultura, vou comentar apenas o trecho destacado abaixo :
“É absolutamente previsível que o dinheiro público, tão escasso num país pobre e deseducado, vai acabar patrocinando shows e eventos populares, mas sem conteúdo educativo.”
A elitista Folha de São Paulo parte do princípio que shows e eventos populares não colaboram para a elevação cultural e educacional do povo, pois para eles educativo é apenas aquilo que é destacado em suas páginas da Folha Ilustrada. Parte do princípio que o povo brasileiro deve ser homogeneizado e “educado”, dentro dos valores culturais que, ela Folha, defende e propagandeia.
Há algum tempo atrás, artistas populares como Luiz Gonzaga, o rei do baião ou Adoniram Barbosa, que retratou em suas composições o ethos do paulistano, eram considerados “bregas” e nocivos à educação do povo, pois escreviam e falavam um português errado, o mesmo falado pelo povo. Estes compositores,ao ser resgatados por artistas e intelectuais comprometidos com as classe populares, passaram então a ser “cults” e badalados na agenda cultural da Folha de São Paulo.
Um dos ícones da agenda cultural da Folha de S.Paulo, preocupadísimo com a elevação educacional de nosso povo, usa os meios de comunicação para se auto promover e ganhar rios de dinheiro dando palestras sobre educação, com o mesmo discurso de auto-ajuda que os autores de livros que criticam agora.
O que seria esse conteúdo educativo que tanto preocupa a Folha de São Paulo?
Os “livrinhos” de Gilberto Dimenstein?
Os shows de Caetano Veloso e outras vacas sagradas que se aproveitam dos incentivo$ do Ministério de Cultura para realizar mega shows totalmente inacessíveis ao trabalhador pelo preço dos ingressos?
E por que artistas populares, que falam a lingua do povo, são rotulados como “sem conteúdo educativo”?
-Quem é vc. Sr. Frias para decretar o que é bom ou ruim para a educação popular?
E, que escolas são essas que o artigo diz ser capacitadas para fazer a ponte entre a cultura e currículo?
As escolas públicas sucateadas pela incompetência e descaso do PSDB/DEM ?
Parece-me que artistas populares e “marginais” como por exemplo, o grupo de rap Racionais MC's. estão muito mais preparados para fazer a ponte entre a cultura e um currículo mais apropriado para educar os alunos da escolas públicas, do que os artistas badalados pela elite paulista e propagandeados na Folha de São Paulo.
No sua louca cruzada para atacar tudo o que vem do governo Lula e enaltecer tudo o que vem do governo do PSDB, a Folha de São Paulo está perdendo, não somente leitores, mas a vergonha na cara.
3 comentários
Boa Passiô. Adorei!
Ó mundo!
A "ponte" que ele se refere deve ser a mesma criada pelo Serra entre o seu (des)governo e os Civitas para dar uma aula de cultura e ética aos professores paulistas através de democrática escolha, lhes fornecendo a assinatura da primorosa, honesta, ética, apartidária e brilhante revista Veja.
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